Novas bebidas que, segundo alguns, substituem as refeições, estão em alta no setor da tecnologia. Pulak Mittal, engenheiro de software, bebe Soylent| Foto: Peter Earl McCollough/The New York Times

Toda noite, o desenvolvedor de software Aaron Melocik segue uma rotina religiosa: no liquidificador, bate dois litros de água, 50 ml de óleo de macadâmia e um saquinho de 450 g de um pó chamado Schmoylent. Depois, despeja a mistura bege em vários vidros iguais e leva tudo à geladeira, de onde tira dois só no dia seguinte para levar para a Metrodigi, start-up de tecnologia onde trabalha.

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Entre seis e meia da manhã e três e meia da tarde, ele toma um no café da manhã e outro na hora do almoço. “Com isso não preciso me preocupar em preparar nada e só vou comer mesmo lá pelas sete da noite”, diz Melocik, 34 anos.

Em tempos de expansão no Vale do Silício, o trabalho é árduo, e trabalho árduo, pelo menos na terra da tecnologia, significa que técnicos e engenheiros se voltam para refeições líquidas com nomes como Schmoylent, Soylent, Schmilk e People Chow. Os produtos, ricos em proteínas, são vendidos em pó, além de serem baratos, rápidos e fáceis de preparar. Basta misturar com água ou, no caso do Schmilk, leite.

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A procura pela fórmula, que geralmente mistura nutrientes como magnésio, zinco e vitaminas, é tão grande que tem gente em uma lista de espera de seis meses para receber o primeiro pedido. Os investidores estão apostando todas as suas fichas em empresas que oferecem substitutos para refeições — inclusive Alexis Ohanian, fundador do fórum on-line Reddit, que é fã confesso da mistura.

“O meu sonho é, no mundo ideal, poder chegar ao aeroporto e pegar um na geladeira”, confessa ele, que é investidor da Soylent e considera a bebida como alternativa para qualquer refeição.

A popularização desses compostos reflete os novos hábitos das start-ups que estão bombando no Vale do Silício e inclui uma boa dose de confiança. Os fabricantes garantem que as bebidas são muito melhores que os shakes que existem há anos porque, ao contrário deles, não contêm açúcar e não exageram no uso de proteínas.

Rob Rhinehart, engenheiro de software, conta que teve a ideia de criar o Soylent em 2013, quando trabalhava em uma empresa de telefonia móvel, passava o dia inteiro no escritório e comia muito mal. Fundou então a própria empresa, com sede em Los Angeles, no mesmo ano, depois de arrecadar mais de US$3 milhões no site de financiamento coletivo Tilt.

Os pedidos começaram a chegar rapidamente e Rhinehart conta que já enviou o equivalente a seis milhões de “refeições” dentro dos EUA. “Os carregamentos começaram a ser feitos em ‘quilotons’ e a empresa atraiu um investimento de US$24,5 milhões”, comemora.

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Na verdade, Soylent, Schmilk e outros geralmente não têm muito gosto, lembrando uma massa de panqueca insossa – mas enquanto uma refeição não sai por menos de US$50 nos restaurantes da região, uma semana inteira da mistura equivale a US$85.

Quando Pulak Mittal começou a trabalhar na start-up Clever este ano, a chefia fez questão de avisar os colegas que ele era um ávido consumidor de Soylent – e eles não demoraram muito para começar a pedir para experimentar. Mas a verdade é que a bebida não agrada a todos de cara.

“Já estou ficando enjoado do gosto. Estou pensando seriamente em acrescentar algum tipo de sabor”, confessou Dan Sparks há pouco tempo para Mittal.