Toda noite, o desenvolvedor de software Aaron Melocik segue uma rotina religiosa: no liquidificador, bate dois litros de água, 50 ml de óleo de macadâmia e um saquinho de 450 g de um pó chamado Schmoylent. Depois, despeja a mistura bege em vários vidros iguais e leva tudo à geladeira, de onde tira dois só no dia seguinte para levar para a Metrodigi, start-up de tecnologia onde trabalha.
Entre seis e meia da manhã e três e meia da tarde, ele toma um no café da manhã e outro na hora do almoço. “Com isso não preciso me preocupar em preparar nada e só vou comer mesmo lá pelas sete da noite”, diz Melocik, 34 anos.
Em tempos de expansão no Vale do Silício, o trabalho é árduo, e trabalho árduo, pelo menos na terra da tecnologia, significa que técnicos e engenheiros se voltam para refeições líquidas com nomes como Schmoylent, Soylent, Schmilk e People Chow. Os produtos, ricos em proteínas, são vendidos em pó, além de serem baratos, rápidos e fáceis de preparar. Basta misturar com água ou, no caso do Schmilk, leite.
A procura pela fórmula, que geralmente mistura nutrientes como magnésio, zinco e vitaminas, é tão grande que tem gente em uma lista de espera de seis meses para receber o primeiro pedido. Os investidores estão apostando todas as suas fichas em empresas que oferecem substitutos para refeições — inclusive Alexis Ohanian, fundador do fórum on-line Reddit, que é fã confesso da mistura.
“O meu sonho é, no mundo ideal, poder chegar ao aeroporto e pegar um na geladeira”, confessa ele, que é investidor da Soylent e considera a bebida como alternativa para qualquer refeição.
A popularização desses compostos reflete os novos hábitos das start-ups que estão bombando no Vale do Silício e inclui uma boa dose de confiança. Os fabricantes garantem que as bebidas são muito melhores que os shakes que existem há anos porque, ao contrário deles, não contêm açúcar e não exageram no uso de proteínas.
Rob Rhinehart, engenheiro de software, conta que teve a ideia de criar o Soylent em 2013, quando trabalhava em uma empresa de telefonia móvel, passava o dia inteiro no escritório e comia muito mal. Fundou então a própria empresa, com sede em Los Angeles, no mesmo ano, depois de arrecadar mais de US$3 milhões no site de financiamento coletivo Tilt.
Os pedidos começaram a chegar rapidamente e Rhinehart conta que já enviou o equivalente a seis milhões de “refeições” dentro dos EUA. “Os carregamentos começaram a ser feitos em ‘quilotons’ e a empresa atraiu um investimento de US$24,5 milhões”, comemora.
Na verdade, Soylent, Schmilk e outros geralmente não têm muito gosto, lembrando uma massa de panqueca insossa – mas enquanto uma refeição não sai por menos de US$50 nos restaurantes da região, uma semana inteira da mistura equivale a US$85.
Quando Pulak Mittal começou a trabalhar na start-up Clever este ano, a chefia fez questão de avisar os colegas que ele era um ávido consumidor de Soylent – e eles não demoraram muito para começar a pedir para experimentar. Mas a verdade é que a bebida não agrada a todos de cara.
“Já estou ficando enjoado do gosto. Estou pensando seriamente em acrescentar algum tipo de sabor”, confessou Dan Sparks há pouco tempo para Mittal.
Bolsonaro amplia ações para eleger maioria de direita do Senado e preocupa STF
PF pode tentar apresentar novos dados após manifestação de defesas sobre denúncia de suposto golpe
A morosidade da Justiça virou celeridade do justiçamento
Suplicy quer espaço público para uso de crack; abordagem fracassou no Canadá, nos EUA e em Portugal