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No Hotel Peabody, em Memphis, patos-reais recebem tratamento cinco estrelas. O evento foi cancelado em Little Rock, Arkansas | Lance Murphey para The New York Times
No Hotel Peabody, em Memphis, patos-reais recebem tratamento cinco estrelas. O evento foi cancelado em Little Rock, Arkansas| Foto: Lance Murphey para The New York Times

Internet: Bajulando aves

Vídeo com um bando de hóspedes do hotel desfrutando o melhor serviço: nytimes.com

Pesquise Marcha dos patos - De caminhar no tapete vermelho a fugir dos tiros de caçadores.

As planícies inundadas e as águas represadas ao longo do Rio Arkansas são um lugar perigoso durante a temporada de caça até mesmo para o mais durão dos patos. Perto de 530 mil foram mortos no ano passado durante a temporada de caça de 60 dias no Estado.

Neste ano, havia espécimes especialmente vulneráveis: os patos acostumados a viver no saguão do Hotel Peabody.

Durante mais de uma década, quatro fêmeas e um macho marchavam duas vezes por dia de uma cobertura de mármore para aves montada no telhado do hotel, na frente do histórico Old State House, entravam num elevador de vidro e atravessavam o saguão para se esbaldar numa grande fonte interna. Então, no primeiro semestre, o Peabody Hotel Group, com sede em Memphis, vendeu sua unidade em Little Rock para o Marriott International Inc., e os patos desfilaram seu gingado pela última vez.

Neste outono do Hemisfério Norte, enquanto muitos caçadores se dirigiam para o delta do Arkansas para caçar patos, correu o boato de que as aves do Peabody haviam voltado para a natureza, gerando preocupações sobre a dinastia dos patos em Little Rock.

"Odeio pensar que alguém mate um dos meus patos do Peabody", disse Odis Chapman, 79 anos, pregador batista em tempo parcial que criava os patos usados pelo hotel. Ele os incubava atrás de sua casa de fazenda branca no terreno de uma plantação antiga em Scott, Arkansas.

A marcha dos patos do Peabody, ainda viva e em boas condições no hotel original de Memphis, era bastante importante aqui. Pequenos estudantes se agrupavam ao longo do tapete vermelho que era estendido todo dia para a marcha. Um empresário local levou os patos para Dallas em seu Learjet.

"Era uma pequena fuga da realidade duas vezes por dia, às 11h e às 17h", disse Lloyd Withrow, o antigo responsável pelos patos, que vestia jaqueta vermelha e carregava uma bengala com uma cabeça de pato de bronze para liderar ou, mais provavelmente, estimular os patos a marchar.

Durante 11 anos, Chapman forneceu na surdina uma "equipe" de patos que se revezava no hotel, trocando-os num intervalo de poucos meses para que as aves aquáticas não se acostumassem demais à vida no saguão. O Peabody pediu que ele não revelasse a localização dos patos, assim os moradores não sabiam ao acerto o que acontecera com os bichos quando o Marriott abriu as portas em maio.

Segundo Chapman, no final da primavera passada do Hemisfério Norte, ele deixou os patos numa fazenda das redondezas que não permite a caça. Porém, os patos desapareceram, como eles costumam fazer, indo muito provavelmente para o sudoeste canadense. Geralmente, o pato-real volta para o Arkansas quando a água congela durante o outono no Canadá.

Os patos ainda estão se revezando ("e não num espeto giratório", como disse um jornalista de Little Rock) no saguão ao estilo do Renascimento italiano do Peabody de Memphis, onde a tradição da marcha dos patos teve início. Em 1933, o gerente-geral voltou levemente embriagado depois de uma caçada pelo Rio Mississippi em Arkansas. Ele deixou cinco patos vivos na fonte do hotel enquanto dormia para curar a bebedeira. Os patos encantaram os hóspedes, e o Peabody achou por acaso uma oportunidade de marketing de um milhão de dólares.

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