Talvez os animais de estimação devessem ser usados em terapias de casal. Ou na diplomacia internacional.
Suas técnicas de comunicação são excelentes, como descobriu Henry Alford, mesmo que estejam apenas escutando. Em vez de dizer palavras carinhosas a seu namorado, ele os diz à sua gata, Linda. “Acho que sou mais capaz de invocar a franqueza emocional e a necessidade afetiva com Linda porque ela é muda e não responde”, escreveu Alford.
“Ela não pode refletir minha ingenuidade e meus anseios na mesma escala, e assim fico livre de potenciais embaraços.”
É fácil ouvir alguém dizer “eu te amo” enquanto afaga seu pêlo, porém. E as conversas mais difíceis? Camilla Ha, de Nova York, usa os pets como “ventríloquos sentimentais” quando tenta lidar com discussões difíceis mais diplomaticamente. Quando sua vizinha do andar de cima faz muito barulho —às vezes às 4 da manhã—, Ha pode manifestar seu desagrado por meio do buldogue francês da vizinha, Lilo.
“Oi, Lilo”, dirá Ha se ela, Lilo e a vizinha se encontrarem no corredor. “Você está tão animado hoje! Eu gostaria de estar também, mas sua mamãe me acordou ontem no meio da noite!”
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Leia a matéria completaSe o cachorrinho de Ha, Zeus, estiver com ela, a vizinha poderá retribuir e se desculpar por meio de Zeus. “Ela tentará fazer as pazes comigo cumprimentando e conversando com Zeus enquanto me ignora”, disse Ha. “Tornou-se uma espécie de comunicação passiva-agressiva-não-realmente-passiva.”
Às vezes, porém, os próprios animais são a fonte de tensão. Sua presença —especialmente no quarto, e especialmente na cama— pode obrigar membros de um relacionamento florescente a rever suas prioridades.
“Quando alguém entra na sua vida, você provavelmente tem de estar preparada para tirar o cachorro da cama”, disse Donna R. Pall, psicoterapeuta de Los Angeles especializada em aconselhamento de casais. “Se vocês compraram o cachorro juntos, foi uma decisão do casal. Mas quando você é um cara solteiro e deixa seu cachorro na cama, a mensagem é: ‘Este é meu relacionamento principal’.”
Segundo o American Kennel Club, de 42% a 45% dos donos de cães nos EUA dizem que seus animais dormem com eles na cama.
Quando a namorada de Dan Crane veio de Londres para visitá-lo em Los Angeles, ficou surpresa ao ver seu cão, Whisky, aninhado sobre seu travesseiro para passar a noite. Ele lembrou a conversa que se seguiu. “É muito atraente para mim o fato de você ter carinho por outro ser vivo”, ela lhe disse. “Eu adoro isso. Mas isto é um passo além. É como ter outra pessoa na cama.”
Eles estão trabalhando a relação. Crane fez uma cama para o cachorro com um travesseiro e uma coberta, e sua namorada começou a se aninhar com Whisky na cama de vez em quando.
Nem todas as histórias acabam assim. O cão de Anica Mrose Rissi a inspirou a terminar um relacionamento que ela não podia levar adiante. Rissi tinha se apaixonado por seu namorado, Ethan, e o cão dele, Goldstar, mas depois de quase cinco anos ele queria se casar e ela, não.
Mais tarde, ela se apaixonou por outro cachorro, um com olhos alertas e um faro para confusões.
Ela trouxe para casa Arugula, para decepção de Ethan e de Goldstar. “A introdução de Arugula causou uma clara divisão”, escreveu Rissi no “The New York Times”.
“Agora Rooga e eu éramos ‘nós’ e Ethan e Goldstar eram ‘eles’.”
Ethan achou isso errado e pediu para ela devolver Arugula.
E Rissi e Rooga? “Nós nos livramos da coleira e saímos em disparada”, escreveu ela.
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