Ninguém sabe o que acontecerá com os 5,5 bilhões de toneladas métricas de plástico fabricados desde meados do século 20, grande parte dos quais viraram lixo. Agora, pesquisadores descobriram que resíduos de plástico podem se transformar em um novo mineral.
"Plastiglomerado" é uma fusão de materiais naturais e artificiais. O plástico derretido se funde com areia, conchas, seixos, basalto, coral e madeira, ou penetra nas cavidades das rochas, formando um híbrido de pedra e plástico. Conforme os pesquisadores relatam no periódico "GSA Today", os materiais provavelmente serão bem mais duradouros e poderão se tornar marcadores geológicos.
"O plástico mais convencional é relativamente fino e se fragmenta rapidamente", disse Richard Thompson, da Universidade Plymouth na Inglaterra, que não participou da pesquisa. "Mas aqui está descrito algo que será ainda mais resistente ao processo de envelhecimento."
O plastiglomerado foi descoberto em 2006 pelo oceanógrafo Charles Moore, do Instituto de Pesquisa Marinha Algalita em Long Beach, Califórnia. Ele estava pesquisando plástico encontrado na praia de Kamilo, que fica na maior ilha do Havaí.
A praia de Kamilo acumula lixo devido à circulação das correntes. Ao ver as estranhas formações rochosas cobertas de plástico, Moore fez algumas fotos e coletou exemplares.
A importância dessa descoberta só foi percebida em 2012, quando Patricia Corcoran, da Universidade de Ontário Ocidental, no Canadá, convidou Moore para dar uma palestra sobre poluição causada por plástico. Intrigada com o que ouviu, a doutora Corcoran resolveu ir à praia de Kamilo, onde ela e um colega coletaram 205 pedaços cujo tamanho variava ao equivalente a um caroço de pêssego até o diâmetro de uma pizza.
Moore pensou na hipótese de que a lava do vulcão Kilauea pudesse formar os plastiglomerados, mas os fluxos não se aproximavam da praia há um século. Ao conversar com moradores, ele descobriu uma causa que pareceu mais plausível: fogueiras de acampamentos.
A areia de Kamilo é entremeada por partículas poluentes degradadas, o que torna virtualmente impossível achar um vestígio de fogueira sem resíduos plásticos, disse a doutora Corcoran. Ela também soube que alguns moradores do local queimavam plástico para se livrar dele, algo comum em países em desenvolvimento.
"Tenho certeza de que há plastiglomerados em outros lugares, embora quem os viu não tenha sabido identificá-los nem relatado o fato", comentou ela.
Muitos cientistas acreditam que a Terra entrou em uma nova era geológica, o Antropoceno, na qual a atividade humana está deixando uma marca vasta e durável na natureza.
"Plásticos e plastiglomerados poderão ser fósseis no futuro", disse Jan Zalasiewicz, da Universidade de Leicester, na Inglaterra, que não esteve envolvido na pesquisa. "Se forem enterrados nas camadas geológicas, é muito provável que eles se conservem de alguma maneira por milhões de anos."
A festa da direita brasileira com a vitória de Trump: o que esperar a partir do resultado nos EUA
Trump volta à Casa Branca
Com Musk na “eficiência governamental”: os nomes que devem compor o novo secretariado de Trump
“Media Matters”: a última tentativa de censura contra conservadores antes da vitória de Trump
Deixe sua opinião