Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
tendências mundiais

Poder da CIA está intacto

John O. Brennan, esquerda, no mês passado; e James J. Angleton em uma audiência de 1975 |
John O. Brennan, esquerda, no mês passado; e James J. Angleton em uma audiência de 1975 (Foto: )

Durante um almoço em Washington, em 1976, James J. Angleton, que durante anos foi o chefe implacável da contraespionagem da CIA, comparou a agência a uma cidade medieval ocupada por um exército invasor.

"Mas nós fomos ocupados pelo Congresso, com nossos arquivos vasculhados, nossos funcionários humilhados e nossos agentes expostos", disse ele a um jovem investigador do Congresso.

O mestre da espionagem havia sido publicamente interrogado sobre seu papel em operações de espionagem domésticas por um comitê liderado pelo senador Frank Church, um democrata de Idaho que passou anos investigando abusos da inteligência. A Agência Central de Inteligência, acostumada a fazer o que queria, estava no meio de convulsões que iriam modificar sua missão.

Quase quatro décadas depois, alegações de outra comissão do Senado de que a CIA estaria envolvida em tortura, mentiras e acobertamentos trouxeram ecos da época de Church — e muitos se perguntam se a agência irá enfrentar um novo período de mudança.

Mas o contundente relatório do Comitê de Inteligência do Senado divulgado em dezembro provavelmente não irá alterar o papel da CIA no comando de guerras secretas americanas. Uma série de fatores — do apoio firme do Congresso e da Casa Branca ao forte apoio público para operações clandestinas — garante que uma agência que tem se fortalecido desde que o presidente Barack Obama está no poder, provavelmente não terá sua missão diminuída tão cedo.

As revelações do Comitê Church pegaram os EUA no final de seu envolvimento militar no Vietnã e durante um período de aumento das relações diplomáticas com a União Soviética. As revelações sobre esquemas de assassinato e espionagem de manifestantes contrários à guerra do Vietnã conduzidos pela CIA alimentaram a fúria de muitos americanos.

Os terríveis detalhes levaram à diminuição das fileiras da Agência e à proibição de assassinatos. Levaram também à criação de comitês de inteligência do Congresso e à exigência que a CIA divulgasse relatórios regulares sobre suas atividades secretas para os painéis de supervisão.

Por outro lado, o recente relatório do Comitê de Inteligência do Senado mostra que os excessos da CIA desde os ataques de 11 de setembro chegaram em meio ao medo do terrorismo global, o surgimento do Estado Islâmico e os vídeos de reféns americanos sendo decapitados.

O senador Angus King, do Maine, membro do Comitê de Inteligência, disse que a tortura mostrada por Hollywood distorce a visão pública de sua eficácia.

"Toda semana, Jack Bauer salva a civilização ao torturar alguém, e isso funciona", disse ele, referindo-se ao seriado "24 Horas".

A CIA descreve a prática como técnicas aprimoradas de interrogatório, não como tortura. Independentemente disso, a administração Obama deixou claro que não tem planos de responsabilizar ninguém legalmente. Durante a campanha presidencial de 2008, Obama protestou contra o uso de tortura e prisões secretas pela Agência durante a administração Bush e fechou o programa de detenção em sua primeira semana como presidente. Mas deu outros poderes para a Agência — incluindo permitir que seu diretor decida sobre ataques com drones no Paquistão.

John O. Brennan, o diretor da CIA, disse em sua audiência de posse em 2013 que pretendia mudar o foco da Agência em missões tradicionais como espionagem e análise. Mas o esforço tem sido lento por várias razões. Por exemplo, os comitês de inteligência do Congresso tentaram com unhas e dentes bloquear a transferência de operações com drones para o departamento de defesa.

Como o esquema de espionagem dos EUA ficou maior, é muito mais dificil vigia-lo.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.