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Antes da abertura do porto em Giurgiulesti, a Moldávia dependia da Romênia e da Ucrânia para receber produtos importados e exportar | Dmitry Kostyukov/The New York Times
Antes da abertura do porto em Giurgiulesti, a Moldávia dependia da Romênia e da Ucrânia para receber produtos importados e exportar| Foto: Dmitry Kostyukov/The New York Times

Como muitas comunidades rurais espalhadas pela Europa, Giurgiulesti estava encolhendo. Os jovens já tinham saído de lá, em busca de trabalho e de um futuro melhor; os mais velhos ficaram para cuidar dos campos e das uvas com que costumavam fazer vinho.

Hoje em dia, porém, carros e caminhões atravessam o vilarejo de cerca de três mil habitantes a caminho do rio Danúbio e de um porto movimentado — e pouco provável. Tatiana Galateanu, 53 anos, prefeita de Giurgiulesti, disse que toda essa comoção acabou criando um problema.

“As casas aqui são muito antigas e acabam sendo afetadas pelo trânsito pesado, principalmente com as carretas usando a estrada”, diz ela.

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No entanto, ela está feliz por ver a aldeia enfrentando esse tipo de dificuldade. E o fato de metade dos 460 funcionários do porto ser dali significa que um lugar praticamente esquecido agora renasceu. “Isso é muito importante para nós”, comemora.

E para o resto da Moldávia também. O país sem saída para o mar, com uma população de 3,5 milhões de habitantes, é pobre, dependente da agricultura e distante dos principais centros europeus. Já foi parte da União Soviética e dependia dos vizinhos maiores, Romênia e Ucrânia, para ter acesso aos produtos importados e ao comércio.

Porém, em 1999, em troca da cessão de um trecho de estrada que disputava com a Ucrânia, ela “ganhou” uma faixa de 450 metros ao longo do Danúbio que estava em mãos ucranianas desde a queda da União Soviética.

Em 2007, o terminal petrolífero no porto de Giurgiulesti foi ativado e, em 2009, os primeiros carregamentos de grãos deixaram o terminal. Um segundo, menor, para contêineres, foi inaugurado em 2012.

O que hoje se chama Porto Livre Internacional de Giurgiulesti tem capacidade para receber navios e desempenha um papel vital como acesso a novos mercados para o país. “No ano passado, aumentou seu volume operacional em mais de 65 por cento”, comemora Thomas Moser, diretor geral da Danube Logistics, responsável pelo porto. “Não há, em absoluto, história ou tradição de transporte marítimo na Moldávia. Por isso, a coisa é bem difícil, mas conseguimos montar uma operação decente”, comemora.

Sem dúvida, o porto injetou vida nova à aldeia agrícola de Giurgiulesti, a menos de um quilômetro de distância, que também fica a três horas ao sul da capital, Chisinau — pois, até a criação do porto, havia poucas razões para visitá-la.

“O porto é ótimo para nós porque criou empregos. Se não fosse por ele, todo mundo teria que partir. Muita gente já foi embora, aliás, principalmente os jovens”, explica Victor Arabagi, 32 anos, supervisor de chegadas e partidas das embarcações.

Parte do porto ainda está em construção, com os trabalhos de um segundo armazém de grãos em andamento. E haverá espaço para mais um terminal de carga. “Aí então já teremos ocupado mais ou menos todo o nosso espaço”, relata Moser.

Até agora, US$60 milhões foram investidos no porto, que está sendo desenvolvido pela holandesa Danube Logistics, com o apoio do Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento.

“Há registros de que o vilarejo existe desde 1486. Eu adoro esse lugar. Para mim, é o mais bonito do mundo”, exulta a prefeita.

Giurgiulesti ainda não tem acomodações, bares e outras atrações que aqueles que vêm de fora procuram, mas isso pode mudar em breve, pois mais dinheiro deve entrar na cidadezinha graças aos impostos locais gerados pelo porto.

“Já temos um monte de planos para essa verba”, continua ela, citando reformas na escola. “O pessoal já foi embora daqui, mas agora, quem sabe, queira voltar.”

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