Uma sequência de acontecimentos calamitosos deixou a Rússia transformada: guerra no leste da Ucrânia, deterioração das relações com o Ocidente, sanções, repressão contra a oposição e, agora, o desaquecimento econômico.
Mesmo assim, há poucos sinais de que a segurança nos principais destinos turísticos tenha diminuído.
Isso não quer dizer que o clima continue o mesmo. Hoje é boa ideia evitar discussões de teor político em lugares frequentados por pessoas embriagadas, já que muitos russos culpam o Ocidente por seus problemas econômicos e a guerra na Ucrânia.
Para os turistas, contudo, a vida continua como sempre nas cidades ricas e cosmopolitas de Moscou e São Petersburgo.
Hoje o melhor diferencial para quem viaja à Rússia é a desvalorização do rublo. No início de 2014, um dólar valia 32,86 rublos. Em abril deste ano, estava valendo 49,80 rublos.
Para o turista estrangeiro, isso significa pagar entre 15% e 50% a menos por praticamente tudo. Um ano atrás, pagava-se o equivalente a US$ 8 ou US$ 9 por um capuccino em Moscou. Hoje o capuccino raramente custa mais de US$5.
Poucos hotéis aumentaram seus preços em rublos. A diária mais barata no Sheraton Palace, 11.900 rublos, caiu de US$ 362 para US$ 226. A diária em um hotel econômico custa cerca de US$ 50.
Os ingressos para algumas atrações turísticas aumentaram em rublos, mas mesmo assim estão mais baratos para os turistas munidos de divisas. O ingresso para o Kremlin subiu de 350 rublos no início de 2014 para 500 rublos hoje. Porém, em dólares, caiu de US $10,65 para US$ 9,54. Para percorrer a Galeria Estatal Tretyakov, com seu acervo deslumbrante de arte sacra russa, hoje se pagam 450 rublos, em vez de 360, mas o custo em dólar caiu 10%.
A maioria das catedrais e igrejas não parece ter elevado o valor de seus ingressos, tampouco o Museu Russo de São Petersburgo. Assim, essas atrações ficaram 40% mais baratas para os estrangeiros. Os preços em rublos dos ingressos ao Teatro Bolshoi não mudaram. Um lugar decente para assistir a uma ópera ou um balé custa a partir de US$ 57.
Os restaurantes e bares estão bem mais acessíveis para estrangeiros e, devido à crise econômica, menos lotados.
O cenário culinário de Moscou e São Petersburgo cresceu nos últimos dez anos, sendo dominado pela culinária internacional: francesa, japonesa, italiana, tailandesa ou algumas fusões de dois ou mais tipos, com efeitos variados.
No entanto, após Putin ter proibido a importação de gêneros alimentícios do Ocidente, os restaurantes em estilo europeu não conseguem encontrar os ingredientes que antes empregavam ou não conseguem encontrá-los a preços acessíveis. Com isso, muitos sofreram perda de qualidade.
É melhor ir a restaurantes que usem ingredientes locais. O LavkaLavka, em Moscou, e o Cococo, em São Petersburgo, servem versões da cozinha russa tradicional feitas com ingredientes que passam diretamente da fazenda à mesa. Pratos como o “desjejum do turista” do Cococo —feito de cevada refinada, tartare de carne bovina, ervas e ovos de codorna—ou a sopa borscht do LavkaLavka, preparada com beterrabas orgânicas, peito bovino e gordura suína defumada, são capazes de convencer o cético mais renitente. E os preços são 40% mais baixos.
Olya Skoveleva, da agência Visit Russia, contou que costuma tranquilizar os turistas em relação à segurança. “Explicamos que as questões políticas não vão afetá-los. Considerando a situação internacional e como ela é retratada pela mídia, esse fato às vezes me surpreende, mas é a verdade. Putin não representa todo o país.”
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