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Pregão de mercado futuro de Chicago, acima, está sendo substituído por computadores e irá fechar no meio deste ano. Menos de um por cento das negociações é feito no grito hoje | Scott Olson/
Pregão de mercado futuro de Chicago, acima, está sendo substituído por computadores e irá fechar no meio deste ano. Menos de um por cento das negociações é feito no grito hoje| Foto: Scott Olson/

O pregão onde gerações de operadores suados e vestidos com paletós coloridos gritavam os pedidos de contratos de trigo, milho e gado, utilizando sinais com as mãos e a força da personalidade está praticamente vazio. O pequeno grupo de operadores que ainda estava lá parecia muito tranquilo, observando as telas de um tablet, enquanto outros olhavam para o vazio.

O profissional que comprava e vendia na base da gritaria surgiu aqui em meados do século 19 e se tornou parte da identidade de Chicago, influenciando bolsas de valores de todo o mundo, está a um passo de desaparecer. A maior parte das operações realizadas no interior do Chicago Board of Trade chegará ao fim em julho deste ano, depois de perder espaço para mais de uma década de avanços tecnológicos que tornaram as operações de títulos presenciais praticamente obsoletas.

“Quem faz isso agora é o computador”, afirmou Anthony Crudele, operador de 37 anos de idade que começou como ajudante em Chicago nos anos 90 e foi um dos primeiros a adotar as novas tecnologias. Ele afirmou que o fechamento era inevitável. “Na prática, o pregão já está fechado há muitos anos.”

Mas o fechamento oficial do pregão de futuros de commodities será certamente uma perda. Também irá desaparecer o habitat agitado onde uma série de gestos com as mãos sobreviveu às décadas e raramente se convertia na troca de socos e pontapés.

Dezenas de empregos também vão desaparecer. O CME Group, a empresa responsável pelos pregões em Chicago e Nova York, afirmou que cerca de 50 funcionários que ajudam a operar o pregão serão dispensados.

O que talvez seja ainda mais significativo para Chicago é o desaparecimento de uma carreira que por mais de 150 anos permitiu que adolescentes desajeitados e ex-atletas juvenis encontrassem um caminho para a fortuna.

“Agora já não existe mais esse caminho para que um cara de classes mais baixas que aprendeu a viver nas ruas e tem aquele tipo de inteligência natural ganhe um monte de dinheiro”, afirmou Caitlin Zaloom, antropóloga cultural que estuda os pregões de mercados futuros.

Os contratos de futuros – acordos de compra e venda de determinadas mercadorias no futuro – foram inventados para proteger os agricultores contra as oscilações de preços dos grãos. No pregão, os operadores faziam ofertas de compra e venda enquanto mantinham olhos e ouvidos bem abertos para outras ofertas, muitas vezes antes mesmo de fazer contato visual com os interessados, anotando em seguida a compra em um cartão.

“Se você pudesse ser magicamente transportado do pregão de 1890 para o de 1990, imagino que o operador precisaria de apenas cinco minutos pra se adaptar”, afirmou Scott H. Irwin, professor de Marketing Agrícola da Universidade do Illinois.

Atualmente, de acordo com a CME, as negociações feitas diretamente no pregão representam apenas um por cento do volume total de mercados futuros.

Crudele, que utiliza um novo sistema para negociar eletronicamente, começou a trabalhar no início de 2000 com Vince D’Agostino, outro operador do pregão, e um ajudava o outro a encontrar os melhores preços. Crudele abraçou a nova tecnologia, mas D’Agostino, homem atlético de 1,9 metro, veio do molde clássico.

Hoje com 43 anos, D’Agostino se lembra de como, quando criança, brincava com os cartões que seus dois tios, dois operadores, traziam do trabalho.

“Os multimilionários e os adolescentes recém-saídos da escola ficavam lado a lado. Todos diziam que os caras do pregão conheciam você melhor que sua esposa”, recorda-se D’Agostino.

Alguns operadores de mercados futuros continuam a vir ao pregão porque o aluguel do escritório é barato, e, de tempos em tempos, os clientes ainda mandam os pedidos para cá.

“A gente volta pra ver os amigos e pra ver se ainda tem alguma coisa rolando no pregão. Voltamos porque aquela foi mais ou menos a nossa casa por muito tempo”, afirmou Crudele.

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