Nos lugares mais sofisticados do mundo, um coquetel depois do trabalho em um ambiente íntimo não tem nada de extraordinário.
Em Sydney, porém, cidade barulhenta e de tradição beberrona, as autoridades britânicas que a fundaram e os presos de quem tomavam conta no passavam de um bando vulgar que traficava rum e deixou um legado de pubs cervejeiros que ainda são a norma em pleno século XXI.
A proliferação de bares pequenos com iluminação discreta e serviço atencioso indica uma revolução nos hábitos etílicos da cidade, já que os novos espaços oferecem opções que vão além da cerveja, copos bonitos em vez de canecas do tamanho de um balde porções delicadas.
Bulletin Place, The Barber Shop, The Rook e Lobo Plantation, para mencionar só alguns, surgiram em resposta às mudanças recentes nas leis e estimulam o surgimento de alternativas aos chamados "galpões de cerveja" da cidade, administrados por hotéis e cervejarias politicamente poderosos.
O progressista Clover Moore, prefeito da cidade, defendeu uma legislação, em 2008, que diminuiu drasticamente o preço da licença de venda de bebidas alcoólicas, na casa dos milhares de dólares acessível para o setor, mas além dos limites para a iniciativa comum.
Agora, os cantinhos abandonados em vários bairros próximos ao centro estão sendo valorizados e convertidos em bares descolados.
"Facilitando a abertura de bares menores, ajudamos os empreendedores a transformar locais abandonados em casas movimentadas onde se pode beber e comer com os amigos, se divertir ouvindo música ao vivo e, se preferir, até ler um livro", diz Moore. The Rook, espaço arejado no sétimo andar de um prédio comercial discreto, oferece 70 variedades de gim.
As bebidas são o grande atrativo, assim como a localização discreta, segundo Ashley Henman, gerente diurno do bar.
"O pessoal gosta porque não tem placa, não é anunciado. Traz os amigos aqui meio que para se exibir, tipo, Vou te levar para um bar que ninguém conhece mas é claro que todo mundo sabe onde é", explica ela.
Do outro lado da rua, outro bar escondido: The Barber Shop, que convida os clientes a entrar pela barbearia, com suas duas cadeiras antigas.
"Em Londres e Nova York agora o pessoal prefere sair toda noite para tomar dois ou três drinques em vez de tomar cinco ou seis na sexta e no sábado. Sydney está quase lá", afirma o dono, Mikey Enright.
Em 2013, as novas restrições sobre bebidas impostas à zona de prostituição, Kings Cross, dificultou ainda mais o negócio dos bares tradicionais, pois a saideira deve ser pedida, no máximo, até uma e meia da manhã, com o fechamento às três.
"Os pubs mais antigos estão começando a escassear; os bares menores oferecem uma experiência diferente, além de boa comida e, é claro, bebidas", afirma Richard Roberts, assessor da Prefeitura.
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