Chiwetel Ejiofor confere prestígio global a “12 Years a Slave”; Lupia Nyong’o, à esquerda, também atua no filme| Foto: Francois Duhamel/Fox Searchlight Pictures

Visto como favorito para prêmios de cinema, "12 Years a Slave" (Escravo por 12 anos) pode fazer história como o primeiro trabalho de um diretor negro a receber o Oscar de melhor filme. Mas cineastas e executivos estão observando o filme de perto para ver se ele conseguirá superar outro desafio.

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"12 Years a Slave" quer se tornar uma raridade: um longa-metragem de temática afro-americana a fazer sucesso com o público global. O sucesso internacional é especialmente importante porque hoje as plateias fora da América do Norte são responsáveis por dois terços ou mais das bilheterias dos filmes de Hollywood.

"12 Years a Slave" será beneficiado pelo prestígio internacional de seu protagonista, Chiwetel Ejiofor, e diretor, Steve McQueen, ambos britânicos de nascimento. O filme tem o apoio de divulgadores que o posicionaram em muitos mercados pelo mundo afora, mas, com um cálculo apurado de timing, estão adiando seu lançamento para o início de 2014.

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Nesse momento, presume-se que "12 Years a Slave" estará na reta final da acirrada disputa por prêmios, chamando a atenção máxima no momento em que as plateias mundiais se preparam para a entrega dos Oscar.

Essas vantagens, somadas ao poder promocional de Brad Pitt —que é um dos produtores do filme— podem ser o suficiente para romper a barreira de mercado.

Grandes astros negros como Will Smith podem acumular bilheterias fantásticas no mercado internacional com papéis que não destacam a identidade racial. E pelo menos uma história de interação entre brancos e negros ambientada na França, "Intocáveis", de 2011, virou sucesso internacional.

Mas o mais comum, mesmo no caso de filmes com cacife para serem premiados, é o que aconteceu com "Histórias Cruzadas", lançado em 2011, sobre as provações passadas por empregadas negras no sul dos EUA na era da segregação racial. O filme vendeu quase US$ 216,7 milhões de dólares em ingressos em todo o mundo, mas quase 80% desse total saiu dos Estados Unidos.

Como os westerns e os filmes sobre beisebol, filmes sobre as experiências vividas por americanos negros podem estar distantes demais da realidade das plateias de países que têm poucas ligações culturais com o tema. Mas cineastas negros também reclamam que às vezes as empresas não os apoiam com o mesmo tipo de lançamento internacional amplo que está sendo preparado para "12 Years a Slave", que narra a história de um homem negro livre do século 19 que é sequestrado e vendido para ser escravo.

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Stuart Ford, executivo-chefe da IM Global, que vendeu os direitos de distribuição no exterior de outro dos filmes afro-americanos da temporada, "O Mordomo", de Lee Daniels, disse: "Apesar da ideia comum de que filmes afro-americanos não se saem bem fora dos EUA", disse Ford, "um ótimo filme é um ótimo filme, e ótimos filmes estão em falta e são valorizados."

Os criadores de "12 Years a Slave" podem se animar com o destino de "O Mordomo", uma história sobre a luta pelos direitos civis que estreou em agosto e vem tendo desempenho sólido nos mercados internacionais. Ford disse que o filme pode arrecadar US$ 50 milhões, além dos mais de US$ 114 milhões que já faturou nos EUA. Seu orçamento de produção teria sido de mais ou menos US$ 20 milhões.

Stephanie Allain, que foi produtora de "Ritmo de um Sonho" e, mais recentemente, uniu-se a Tyler Perry e outros para produzir "Peeples", disse que filmes afro-americanos poderiam funcionar melhor fora dos EUA se os estúdios os divulgassem mais.

"Se os estúdios se disporem a gastar o dinheiro necessário para criar uma consciência dos atores e diretores negros, a cultura cinematográfica negra americana terá aceitação fora do país", disse. "Mais dinheiro para os estúdios e mais oportunidades para nós. É simples assim."

Os promotores de "12 Years a Slave" contam com o interesse suscitado pelo trabalho de Steve McQueen em seu país.

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A Summit Entertainment montou uma rede de compradores do filme em países tão dispersos quanto Alemanha e Tailândia.

Brad Pitt, capaz de chamar mais atenção que cenas de brutalidade nas fazendas do sul dos EUA, pode ter que viajar muito pelo mundo afora no próximo ano. No Festival Internacional de Cinema de Toronto, no início de setembro, Pitt disse que está disposto a fazer o que for preciso.

"Se eu nunca mais participar de outro filme, terei participado deste", disse.