O padrão está se tornando familiar para os moradores do nordeste da Nigéria, praticamente todo sitiado: homens armados, provavelmente membros da seita Boko Haram, chegam a um vilarejo, queimam as casas, reúnem dezenas de jovens, colocam todos nos caminhões e vão embora.

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Quatro meses depois de os islamitas terem sequestrado 300 garotas de uma escola, um grupo de combatentes gritando "Deus é grande" abduziu dezenas de jovens de outro vilarejo. O alvo dessa vez foram meninos e rapazes. O senador Ahmed Zannah, do estado de Borno, confirmou o novo sequestro, mas disse que os soldados do Chade já libertaram as vítimas.

Por outro lado, parece que as meninas não estão nem perto de serem resgatadas. A mobilização internacional considerável em seu favor — incluindo até assistência de inteligência dos EUA e outros países, reconhecimento aéreo, mensagens nas redes sociais e um movimento de protesto vigoroso no país — surtiu pouco efeito.

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Longe de pressionar o Boko Haram e forçar a libertação das garotas, o Exército parece ainda estar brigando pela região em que ocorreu o sequestro, ou seja, o nordeste do país.

Já os militantes continuam a ganhar terreno, plantando bombas nas cidades e invadindo aldeias, praticamente ignorados por uma organização militar dizimada pelo que os diplomatas dizem ser corrupção e moral baixo. Aliás, eles não querem ser identificados porque ninguém está autorizado a falar abertamente sobre os esforços de resgate das meninas.

Embora o Exército tenha recapturado há pouco tempo pelo menos um vilarejo em poder dos militantes, a seita continua operando livremente em toda a região. Foi de Chibok, a 130 km ao sul de Maiduguri, a capital regional, que as estudantes foram levadas, no dia 14 de abril. "O Boko Haram pode fazer o que bem entender", um diplomata ocidental revelou.

E não só ele como seus colegas temem que o grupo esteja se aproximando demais de Maiduguri, metrópole de mais de um milhão de habitantes. "O pessoal está preocupado porque se a cidade for atacada, vai cair. Eu mesmo não sei se vai conseguir resistir", diz outro sobre a defesa da cidade.

Alguns pais e familiares já estão perdendo as esperanças de ver as meninas de Chibok novamente. "A gente esperava que o governo fosse fazer alguma coisa", diz Ayuba Alamson, primo de uma das vítimas, "mas não foi o suficiente. Perdi a confiança no Exército. Se fosse para agir, esses ataques não teriam se repetido".

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Contribuiu Ben Ezeamalu