Por mais de um século, a economia e a identidade desta pequena comunidade encravada nas montanhas estiveram associadas a minas de carvão.
“Bem-vindo a Somerset, cidade carvoeira desde 1896”, diz a placa azul na entrada do povoado.
Não mais.
A mina Elk Creek, que domina a paisagem de Somerset, já teve cerca de 200 empregados, mas parou de funcionar depois de um desabamento e um incêndio subterrâneo em dezembro de 2012. Hoje, restam apenas nove funcionários para administrar o desmantelamento. A direção da mina já colocou seus equipamentos à venda, entregou a usina de tratamento de água aos moradores e cogita demolir um armazém de concreto que pode ser visto de toda a vila. Seria a desativação definitiva da mina.
“Todo mundo acha que a nossa comunidade vai se dobrar e cair”, disse Terry Commander, diretora do distrito hídrico local. “Agora, precisamos aprender a ficar de pé sozinhos.”
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Leia a matéria completaRegulamentações mais rígidas, ações judiciais por questões ambientais e uma mudança da matriz energética americana na direção do gás natural, que é mais barato e mais limpo, prejudicam várias cidades dos EUA. Com isso, aumentam os temores sobre o futuro de comunidades cuja economia depende de minas de carvão e de usinas alimentadas com esse material.
Somerset, a 360 km de distância de Denver, surgiu depois que geólogos descobriram ali jazidas de carvão, no final do século 19. A comunidade serviu como base de suprimento para a ferrovia que cruza o vale. No entanto, Somerset não é um município formal e, portanto, não tem prefeito nem vereadores.
Mesmo parada, a mina continua sendo o elemento definidor do vilarejo. Sua população, que chegou a quase 700 pessoas durante a Primeira Guerra Mundial, caiu para cerca de 90 pessoas, muitas delas aposentados e residentes em tempo parcial.
Quem ficou se lembra de quando Somerset tinha uma loja, um bar e um restaurante e era atravessada o dia inteiro por trens e carretas transportando carvão.
No entanto, o último estabelecimento comercial de Somerset já fechou. Casas são vendidas por preços a partir de US$ 31 mil. Ainda há certo orgulho local —o pequeno parque ao lado da biblioteca é carinhosamente cuidado por voluntários—, mas o mato toma conta de alguns jardins, e caminhões enferrujados se espalham pela cidade.
Outra mina, a menos de dois quilômetros daqui, ainda produz carvão e emprega cerca de 360 mineiros, mas as vagas bem remuneradas encolheram nos últimos anos. Em abril, 1.506 mineiros trabalhavam em dez minas do Colorado, cerca de 540 a menos do que dois anos antes, segundo a Divisão de Aterros, Mineração e Segurança do Estado.
“A história básica do Colorado montanhoso e rural é de comunidades dependentes da mina, comunidades envelhecidas, voltadas para os recursos naturais”, disse Martin Shields, diretor do Instituto de Economia Regional da Universidade Estadual do Colorado. “Em meio às regulamentações ambientais e ao baixo preço do gás natural, essa existência está ameaçada.”
Poucas pessoas esperam que a mina Elk Creek reabra, e todos já tentam planejar a vida sem ela. Numa recente reunião, moradores falaram sobre o plano de transformar um dos edifícios da mina em quartel auxiliar dos bombeiros.
Alguns anteveem novas casas onde atualmente fica a infraestrutura de mineração. Outros querem que o terreno continue sendo uma área particular, de onde seja possível observar os ursos que vagam pelas montanhas. Dois irmãos que se mudaram recentemente para a cidade tentaram sem sucesso montar um cultivo de maconha (legal no Colorado). Alguns propõem a instalação de lojas que atraiam turistas.
“Não queremos que vire uma cidade-fantasma”, disse Wanda Buskirk, casada com um funcionário de uma mina da região. “Preferimos prosperar. Mas as duas coisas podem acontecer.”
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