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Reinventando carros, sem o motorista

Empresas como a Acura testam tecnologia autônoma que assume a direção de automóveis na estrada | jeff kowalsky para The New York Times
Empresas como a Acura testam tecnologia autônoma que assume a direção de automóveis na estrada (Foto: jeff kowalsky para The New York Times)

O carro sem motorista do Google pode ainda ser uma obra em progresso, mas o potencial de vermos veículos semi-autônomos nas estradas já deixou de ser algo que só cabe na ficção científica.

Até o final da década, mais e mais fabricantes de automóveis pretendem oferecer opções para dirigir em rodovias sem as mãos sobre o volante e sem os pés sobre os pedais, de modo que o condutor possa relaxar e deixar que o carro assuma o controle.

Especialistas dizem que a própria natureza da direção de veículos será reformulada radicalmente. E os maiores nomes na indústria automotiva estão disputando uma parcela do mercado revolucionário que preveem que chegará em alguns anos.

"Este é o ano que, no futuro, vamos definir como tendo sido o da virada", comentou Scott Belcher, presidente da organização sem fins lucrativos Intelligent Transportation Society of America, que ajuda a organizar uma feira global de carros conectados. "Estamos na ponta de uma geração totalmente nova de transportes."

O carro conectado de 2020 vai andar numa rodovia, ultrapassar outros veículos e, possivelmente, pegar a próxima saída —e fará tudo isso sozinho.

Ele vai avisar o condutor sobre pedestres ou ciclistas que atravessam a rua de repente. Se o condutor não reagir a tempo, o carro poderá assumir o controle, freando ou desviando seu rumo.

Ele vai monitorar os olhos do condutor e a frequência com que se fecham, para obrigá-lo a acordar, se for preciso.

Um relatório da consultoria McKinsey & Company divulgado este mês projetou que a receita associada à tecnologia dos carros conectados vai chegar a mais de US$ 230 bilhões até o final da década —o nível atual multiplicado por seis. A previsão é que elementos de segurança ativa, como freios de emergência e outros elementos de condução semiautônoma, sejam responsáveis pela maior parcela dessa receita.

No mês passado a General Motors disse que sua tecnologia Super Cruise, que possibilita a direção autônoma em rodovias, vai estar disponível dentro de dois anos em alguns modelos de Cadillac. Outras montadoras, entre elas a Honda, BMW e Volkswagen, pretendem lançar carros com direção autônoma dentro de cinco anos.

Gerald J. Witt, da fornecedora de autopeças Delphi, disse que a empresa está trabalhando com o monitoramento de condutores, para que até 2016 possa estar pronta para veículos em produção. O sistema perceberá se um condutor está distraído ou cochilando. O objetivo é, com o tempo, recorrer a outros aspectos do carro conectado, como a conexão com a internet, não apenas para alertar o condutor, mas também para oferecer sugestões úteis.

"Se as pálpebras do condutor estão se fechando com uma frequência que mostra que ele está seriamente cansado, o carro pode dizer: ‘Ei, daqui a 1 km haverá um Starbucks. Que tal parar para um café?’", disse Witt.

A IAV Automotive Engineering, da Alemanha, quer oferecer um sistema semiautônomo que poderá ser acrescentado a qualquer veículo produzido em massa, independentemente do fabricante. A empresa demonstrou o que o sistema consegue fazer num veículo de teste da VW que se dirigiu sozinho, usando um sistema de câmeras, lasers e radares.

A previsão é que o modo Super Cruise da GM funcione de modo semelhante. Um representante da empresa, Daniel Flores, disse que o sistema foi criado para manter o veículo na velocidade e pista desejadas, mas que o motorista terá que manipular o volante para mudar de pista.

Mesmo os carros automatizados de 2020 vão precisar do elemento humano para lidar com acontecimentos imprevisíveis. "O motorista precisa permanecer atento, caso precise assumir a direção. Ele não vai poder dormir ou ficar no assento de trás", disse Flores.

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