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Horological Machine No. 3 Megawind, relógio de grife feito de ouro e titânio | Daniel Auf der Mauer/The New Yokr Times
Horological Machine No. 3 Megawind, relógio de grife feito de ouro e titânio| Foto: Daniel Auf der Mauer/The New Yokr Times

Marquises gigantescas de LEDs pulsavam e tremeluziam. Modelos com vestidos metálicos brilhavam. Uma banda passava marchando.

Durante uma semana em março, a reluzente exposição de relógios e joias Baselworld atraiu 150 mil membros da indústria relojoeira, colecionadores e fãs. Em uma era dominada pelo iPhone, ali parecia ser o único lugar do mundo onde somente relógios de pulso importavam.

Esse entusiasmo desenfreado pode parecer estranho no clima atual dos negócios. O vasto mercado chinês esfriou. O franco suíço disparou, complicando o cenário das exportações. E um certo fabricante de laptops e smartphones baseado na Califórnia está entrando no negócio, a maior perturbação potencial entre relojoeiros desde o advento do quartzo nos anos 1970.

Mas a Baselworld pulsa com seus próprios ritmos. “Isto é como o Oscar: alta octanagem e dinheiro”, disse Robert Johnston, da “GQ” britânica.

O estande da Graff Diamonds, no saguão principal, exibia o novo modelo Diamond MasterGraff Structural Tourbillon Skeleton, com preço sob consulta.

Os independentes que forçam os limites e representam a alta costura do mundo do relógio também estavam lá. O vanguardista MB&F HM6 Space Pirate, com suas cinco cúpulas em forma de bolha, saía por mais de US$ 200 mil.

Até Arnold Schwarzenegger estava lá, lançando sua nova linha de relógios.

Em certo sentido, os verdadeiros negócios são feitos depois do expediente, em lugares como o bar do opulento Grand Hotel Les Trois Rois.

Em uma noite, depois de um jantar privativo da Patek Philippe, os poderosos recuaram para o bar. Stephen Forsey, da fábrica Greubel Forsey, estava sentado em uma mesa com vista para o Reno, conversando com Benjamin Clymer, editor do influente site de relógios Hodinkee.

O astro da noite aparecia discretamente sob a manga da camisa de Forsey: uma obra-prima criada por ele chamada Quadruple Tourbillon Secret, em ouro vermeil, que levou quase um ano de horas-homem para fabricar.

Um tourbillon é uma pequena gaiola mecânica giratória que ajuda um relógio a combater os efeitos da gravidade. Uma façanha da microengenharia, o tourbillon é uma “complexidade” (função mecânica, na linguagem dos relojoeiros) valorizada. Os relógios que têm tourbillon custam mais de US$ 100 mil. Esta criação da Greubel Forsey é vendida por US$ 815 mil.

A conversa sobre tourbillons pode ter animado muitos em Basileia, mas a tecnologia baseada no silício conquistou as manchetes. A TAG Heuer, por exemplo, anunciou uma parceria em smartwatches com o Google e a Intel.

Mas não foi o futurismo do Vale do Silício que pareceu animar os participantes que bebiam Moët e comiam canapês de salmão.

“Meu gosto por relógios parou em 1972”, brincou Jack Forster, da “Revolution”, revista para colecionadores. “É possível falir fazendo relógios para sujeitos com gostos como o meu, e muitas empresas realmente faliram.”

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