| Foto: fotografias de Eirini Vourloumis PARA The New York Times
Usando tecnologia a laser, restauradores removeram séculos de sujeira acumuladas das Cariátides, estátuas datadas da Grécia antiga

Há 2.500 anos as seis irmãs ficaram imóveis no topo da Acrópole, enquanto a guerra rugia a seu redor, balas cortavam suas vestes e bombas marcavam seus corpos.

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Só recentemente as famosas estátuas das Cariátides, que estão entre as grandes divas da Grécia antiga, tiveram, finalmente, a oportunidade de revelar por completo sua glória.

Há três anos e meio, conservadores do Museu da Acrópole vêm limpando as virgens —colunas jônicas em forma de mulheres que, segundo se acredita, foram esculpidas por Alcamenes, um discípulo do maior artista da Grécia antiga, Fídias. Sua função inicial era sustentar uma parte do Erectêion, o templo próximo ao Partenon em homenagem aos primeiros reis de Atenas e aos deuses Atena e Posêidon.

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Hoje elas são estrelas do museu; as originais no exterior foram substituídas por reproduções em 1979, para manter as verdadeiras virgens em segurança.

Ao longo de séculos, uma camada de poluição preta veio mascarar sua beleza.

Agora, conservadores restauraram sua luminescência original cor de marfim, usando uma tecnologia a laser especialmente desenvolvida.

As mulheres —menos uma— estão em exposição desde junho, reluzindo com sua reforma moderna. A Cariátide que falta está instalada no Museu Britânico em Londres, que a adquiriu há dois séculos, depois que lorde Elgin, o embaixador britânico no Império Otomano, mandou retirá-la do pórtico do Erectêion —juntamente com adornos do Partenon— para decorar sua mansão na Escócia.

As autoridades gregas e britânicas há muito lutam sobre a devolução desses chamados "mármores Elgin".

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A Cariátide que falta é marcante em sua ausência da plataforma onde as outras estão expostas, numa demonstração subversiva de resistência que se reflete um andar acima, no museu, onde grandes pedaços do friso da Acrópole que estão no Museu Britânico são representados por cópias de gesso dos originais.

Recentemente, multidões ficaram fascinadas ao redor de uma plataforma onde as Cariátides foram expostas.

"Com a poluição removida, podemos ler mais sobre a história dos últimos 2.500 anos", disse Dimitris Pantermalis, o presidente do Museu da Acrópole.

Para limpar as estátuas, os conservadores usaram um laser de comprimento de onda duplo desenvolvido pela Fundação para Pesquisa e Tecnologia Hellas, em Creta. Os raios pulsaram através das vestes das Cariátides, queimando a fuligem milímetro a milímetro, para revelar a pátina cor de abricó do mármore original. Foram necessários de seis a oito meses para limpar cada estátua.

Em seu ambiente original, as Cariátides ficavam no pórtico do Erectêion. Elas tinham poses em "contraposto": três delas apoiadas sobre as pernas direitas, dobrando os joelhos esquerdos por trás de vestes diáfanas. As outras tinham a pose oposta. Juntas, elas sustentavam uma parte do telhado maciço do templo.

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As origens das Cariátides eram menos poéticas: segundo uma lenda, as virgens não estavam lá para ser glorificadas, mas haviam sido condenadas a sustentar o templo pela eternidade, em penitência por uma antiga traição cometida por sua cidade natal, Caryae, perto de Esparta, que ficou ao lado dos persas contra os gregos durante as guerras greco-pérsicas.

Outros historiadores dizem que a inspiração foram jovens da cidade que dançavam para a deusa Artêmis.

Em 1687, as Cariátides foram marcadas por tiros e destroços quando o Partenon foi atingido durante uma batalha entre turcos e venezianos. As autoridades dizem que o equivalente moderno dessa destruição é o buraco deixado quando lorde Elgin se apossou da estátua.

"Faz 200 anos", disse Pantermalis. "Pensamos que no esquema do novo museu seja possível reunir nossos tesouros."