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Revolução digital chega a fazendas dos EUA

Kip Tom (à dir.) e seu pai, Everett; a fazenda da família aumentou de 280 para 8.100 hectares | Michael Kirby Smith/The New York Times
Kip Tom (à dir.) e seu pai, Everett; a fazenda da família aumentou de 280 para 8.100 hectares (Foto: Michael Kirby Smith/The New York Times)
Modelo de negócios baseado na tecnologia ajuda a Tom Farms a crescer |

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Modelo de negócios baseado na tecnologia ajuda a Tom Farms a crescer

Kip Tom é de uma família que trabalha com a terra há sete gerações. Hoje, ele colhe os produtos da agricultura moderna: milho para semente, milho para ração, soja e dados.

"Sou viciado em informação e produtividade", disse, numa sala de trabalho cheia de telas de computador. Aos 59 anos, Tom é tanto executivo-tecnológico-chefe quanto produtor agrícola. Enquanto seu trisavô arreava uma mula, "nós temos sensores na colheitadeira, dados de GPS de satélites, modems celulares em tratores autônomos e apps para irrigação em iPhones", disse.

Para agricultores como Tom, a tecnologia oferece uma maneira de não se deixar afundar nos ciclos de crescimento e queda inerentes a quem ganha a vida com a terra. Além disso, ela está ajudando alguns a competir com o agronegócio gigante.

A fazenda de Tom está crescendo. De 280 hectares na década de 1970, hoje ela abrange 8.100 hectares. Mas as propriedades de alguns de seus vizinhos estão minguando.

A tecnologia tem custo alto, inacessível para os pequenos produtores. Os fabricantes de máquinas agrícolas cobriram seus tratores, plantadeiras e segadeiras de sensores, computadores e equipamentos de comunicações. No ano 2000, uma colheitadeira custava possivelmente US$ 65 mil; hoje ela sai por até US$ 500 mil, devido à informática acrescentada.

"A produtividade das fazendas maiores aumentou muito", disse o economista David Schimmelpfennig, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. "Não é que as fazendas menores sejam menos produtivas, mas as grandes têm condições de fazer investimentos em tecnologia."

Há outro risco: o incentivo à monocultura. A tecnologia leva os produtores a buscar variedades fáceis de cultivar e de vender e que sejam facilmente medidas por instrumentos. A monocultura contraria os esforços para conservar a diversidade no campo, uma proteção milenar contra pragas e problemas com o tempo, segundo Ann Thrupp, do centro de pesquisas Berkeley Food Institute, da Universidade da Califórnia em Berkeley.

Esse é o receio. Mas também há a promessa de que a tecnologia possa facilitar a agricultura.

Numa fazenda familiar no Texas, Brian Braswell usa tratores ligados a satélites para arar seus campos com uma precisão de 2,5 centímetros entre cada sulco. Seu solo foi testado com cargas elétricas e então mapeado, para que o fertilizante seja aplicado em doses precisas por máquinas controladas por computadores. Braswell usa drones para examinar a irrigação de seus campos.

Em sua fazenda de 2.400 hectares em Conrad, Iowa, Brent Schipper recebe dados de sua colheitadeira a cada três segundos. Na época dos temporais, ele checa o aplicativo meteorológico de seu smartphone de meia em meia hora. Ele e outros produtores, que antes passavam seus invernos descansando e consertando suas máquinas, vão acrescentar novos sensores e examinar os dados relativos à estação passada, na esperança de conseguir resultados melhores na próxima.

Na Iowa State University, em Ames, o professor Lie Tang espera que até a próxima primavera seu novo protótipo de robô para arrancar ervas daninhas esteja pronto. O robô usará dados infravermelhos para identificar as ervas daninhas, e então irá arrancá-las da terra.

Kip Tom disse que no passado um fazendeiro com 400 hectares podia ganhar bem a vida. "Não sei se as coisas vão continuar assim", comentou. A empresa Tom Farms tem variedades transgênicas, sistemas de computação nas nuvens e, em breve, poderá contar com drones, isso se Tom não optar por lasers montados sobre satélites de órbita baixa. Todos esses artefatos vão enviar seus dados para análise nos sistemas de computação nas nuvens.

"Os agricultores ainda pensam que tecnologia significa aumento físico: mais cavalos-vapor, mais fertilizante", Tom comentou. "Eles não entendem que a tecnologia hoje se preocupa em multiplicar informações." Com os preços do milho em baixa, "meu crescimento vai vir às custas de produtores que não aderem à tecnologia."

A Tom Farms tem 25 funcionários permanentes e chega a empregar até 600 trabalhadores temporários. "Fazendas do tamanho dessa podem faturar mais de US$ 50 milhões em um ano bom", disse Tom.

Agora Tom está ganhando dinheiro, mas ele ainda se recorda da crise da agricultura dos anos 1980, quando precisou implorar por empréstimos a juros de 21%.

Tom atribui sua sobrevivência e seu crescimento ao uso da tecnologia e acha que graças a isso ele vai prosperar, agora que o milho está sendo vendido a US$ 4 o "bushel", mais ou menos a metade do preço de dois anos atrás.Pensando em 2013, ele disse que o fato de fazer uso melhor das análises de dados elevou seu retorno sobre investimentos de 14% para 21,2%.

Kassandra Rowland, uma dos cinco filhos de Kip Tom, administra o pessoal e as parcerias da empresa com outras fazendas e firmas, além das contas de Twitter, Facebook, Instagram e Pinterest da empresa. Sua filha de nove anos faz parte do clube de robótica da escola primária local.

"É outra mudança grande", comentou a mãe de Kip Tom, Marie E. Tom, 84. "Nossas filhas vão a reuniões de produtores agrícolas e se manifestam. Elas são respeitadas. Não era assim no tempo em que eu fazia a contabilidade, quando o importante na agricultura era o que se fazia no campo."

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