Anthony Doerr| Foto: Patricia Wall/The New York Times

Anthony Doerr pode citar as várias razões por que seu romance, "All the Light We Cannot See" não teria conseguido agradar o grande público: além de se passar na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, o protagonista é um jovem nazista simpático e traz passagens complexas descrevendo a tecnologia do rádio e ligações de carbono. Entretanto, não consegue explicar como seu livro fez um sucesso arrasador. "Nunca me passou pela cabeça que seria um livro mais comercial. Acho meio perigoso ficar questionando a razão".

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Em um ano recheado de romances lucrativos de pesos-pesados como David Mitchell e Marilynne Robinson, o livro de Doerr surgiu como o best-seller revelação de ficção de 2014. O público se identificou com a história da garota cega que se une à resistência contra a ocupação alemã e do jovem soldado alemão com talento para rastrear sinais de rádio. A Scribner, que imprimiu 60 mil cópias quando o livro foi publicado, em maio, teve que repetir a operação 25 vezes e agora tem 920 mil disponíveis.

Talvez ninguém mais que o próprio Doerr – que mora em Boise, em Idaho, com a mulher, Shauna Eastman, e os gêmeos de dez meses – esteja surpreso com tamanho sucesso. "É um livro que inclui equações trigonométricas, superdenso".

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Não é como se esse escritor de 41 anos venha trabalhando na obscuridade; seus quatro livros anteriores receberam críticas amplamente positivas e ele já faturou vinte prêmios literários e menções honrosas.

Na verdade, começou a escrever aos oito anos. Criado em Cleveland, em Ohio, ele gostava de brincar com a máquina de escrever da mãe, criando histórias sobre seus brinquedos.

Fez mestrado em Narrativa Ficcional na Universidade Estadual Bowling Green, em Ohio, e escreveu alguns contos que foram reunidos em "The Shell Collector", que a Scribner comprou por US$15 mil.

Embora tenha conquistado fãs fiéis, Doerr tinha dificuldade em se manter. Durante a década que passou pesquisando e escrevendo "All the Light We Cannot See", teve que dar aulas, escreveu artigos para revistas e publicou outros dois livros.

As tramas da narrativa do novo romance levaram anos para serem construídas. E Doerr começou tudo com uma cena simples, a de um garoto preso que ouve uma garota lhe contando uma história no rádio. A partir daí, desenvolve os personagens: Werner, órfão alemão que é engolido pelo movimento nazista, e Marie-Laure, uma garota francesa cega que foge de Paris com o pai, chaveiro de um museu que esconde um diamante dos saqueadores nazistas. Doerr estudou diários e cartas, além de viajar para a Alemanha, Paris e St.-Malo, cidade da Bretanha onde se passa grande parte da história.

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E ela se desenrola em capítulos curtos, alternando a perspectiva dos personagens. Desenvolver as histórias paralelas foi complicado, mas encheu o enredo de suspense. O autor, porém, se disse livre para experimentar.

Atualmente, ele está contemplando três ideias para seu novo trabalho: uma que se passa na Constantinopla em 1453; a outra que descreve a construção do Canal do Panamá e a terceira, em uma espaçonave com destino a um planeta habitável tão distante que a única forma de alcançá-lo é através de uma viagem que dura várias gerações.

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