A seca obrigou as autoridades da Califórnia a adotar restrições rígidas ao consumo de água.
Em Porto Rico, o racionamento adotado para enfrentar a falta de chuva levou alguns habitantes a ficar ciclos de 24 ou 48 horas sem água.
Muitos moradores das ilhas estão reagindo com criatividade, colhendo cada gota de água e reciclando a água ao máximo.
“Panelas, caçarolas, baldes, galões, garrafas e latas de lixo se espalham pelas casas”, escreveu Lizette Alvarez no “The New York Times”. “Tantas pessoas compraram caixas d’água que elas estão em falta nas lojas de materiais de construção.”
Quando há água nas torneiras, as pessoas lavam a louça, tomam banho e enchem recipientes para se preparar para as 48 horas seguintes. “É como em Cuba”, disse Carli Davila, 39, que vive em San Juan. “Quando há falta de alguma coisa, as pessoas recorrem à criatividade.”
Davila lava as mãos na caixa d’água da privada, lava a louça com água colhida em panelas, mantém a máquina de lavar louça cheia, esperando o fornecimento de água começar, e tem a geladeira cheia de recipientes com água. Na Califórnia, os restaurantes vêm tendo que repensar sua operação para se adaptar à estiagem, escreveu Kim Severson no NYT.
A autora de livros de culinária Andrea Nguyen prepara a sopa de macarrão vietnamita pho em panela de pressão —leva menos de uma hora e usa a metade da água. “Estamos todos fazendo o que podemos. É uma questão de consciência.”
Para reduzir o consumo de água, cozinheiros estão preparando mais alimentos a vapor e usando menos panelas. Produtores de queijo que usam leite de animais que consomem capim estão se adaptando a sabores diferentes no leite. Uma empresa de Oakland enxugou o processo de fabricação do tofu, que requer muita água para lavar e resfriar a soja.
O tempo seco tem uma vantagem. “As frutas são menores e vêm em menos quantidade, mas seu sabor é melhor e mais intenso”, disse Suzanne Goin, dona de quatro restaurantes na região de Los Angeles.
Até o fato de o presidente Barack Obama sair para jogar golfe durante uma visita à Califórnia foi criticado. Ambientalistas opinaram que ele deveria praticar um esporte diferente ou então jogar em outro lugar.
“O presidente Obama deveria repensar a ideia de jogar golfe em Palm Springs no meio de uma estiagem”, disse Erich Pica, da organização Friends of the Earth. “A manutenção de um campo de golfe exige água em abundância, e isso transmite a mensagem errada à população da Califórnia.”
Talvez o presidente precise ficar cara a cara com o impacto de suas atividades, como aconteceu com Nick Bilton, repórter do NYT, quando abriu a compra de supermercado feita on-line. Ele encontrou uma caixa de isopor com cinco garrafas de plástico geladas usadas para conservar frio um único limão.
Bilton escreveu: “Isso faz você se perguntar se o custo ambiental da facilitação da vida —compras de supermercado on-line, lavagem a seco e serviços diversos—não estará gerando mais desperdício desnecessário no mundo”.
A start-up Gobble, que vende comida caseira, embala seus produtos em plástico, apesar de dizer em seu site que é uma empresa “ecológica”. Um comentarista do site TechCrunch escreveu sobre outra start-up, a Blue Apron: “Tive que parar de usar o serviço porque fiquei com vergonha de consumir tantas embalagens”.
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