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Seleção nacional da Eritreia fica sem país

Os 18 refugiados eritreus chegaram a esta cidade pitoresca de operários a 30 quilômetros ao leste de Rotterdam em maio buscando proteção e segurança após um ano e meio de medo e incerteza nos campos de refugiados.

Refugiados não são uma visão incomum nos Países Baixos. Contudo, esse grupo era diferente: eles eram a maioria dos jogadores da seleção masculina de futebol da Eritreia, e o médico da equipe.

"Era uma história idealista onde um grupo de jovens está desertando o seu país pelas melhores razões", disse o prefeito de Gorinchem, Anton Barske.

Em dezembro de 2012, a seleção nacional inteira da Eritreia desapareceu após jogar em um torneio internacional em Uganda. Os jogadores reapareceram algumas horas depois no prédio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, em Kampala, onde pediram asilo político. Após seis meses, a maioria do grupo mudou para um campo provisório na Romênia. Eles foram os mais recentes de mais de 50 jogadores de futebol que fugiram do país desde que a seleção nacional não voltou de um torneio no Quênia em 2009.

Da Romênia, a equipe viajou para os Países Baixos e, finalmente, para Gorinchem. Barske, que pertence ao partido Verde Esquerdista, deu-lhes as boas-vindas. Nem todos ficaram contentes. O Partido da Liberdade da extrema direita (PVV) do país perguntou por que os jogadores eritreus tinham recebido permissão para entrar no país e porque tinham recebido dinheiro e moradia. Geert Wilders, o líder parlamentar do PVV, disse, "Não é de se admirar que agora milhares de eritreus pensem que são bem-vindos por aqui e que benefícios sociais esperam por eles".

Porém, os cinco clubes de futebol de Gorinchem estão cobiçosamente observando os recém-chegados.

"Somos uma pequena cidade e, de repente, aparece uma seleção inteira", disse Ronald Tukker do SVW, que joga na quinta divisão do futebol holandês. "Então pensamos que talvez eles possam jogar conosco".

Do outro lado da estrada fica o clube de futebol Unitas, que enviou olheiros para observarem os treinos dos eritreus no parque local. "Já dissemos, você são bem-vindos, todos os jogadores, e que podem contar conosco", declarou Bert Walhain, o presidente do Unitas.

Os 18 eritreus recusaram todas as solicitações de entrevistas desde a chegada. Segundo o Conselho Holandês para Refugiados, os jogadores ainda temem pelas suas vidas e as vidas dos familiares em Eritreia, um dos piores agressores dos direitos humanos no mundo. Segundo um relatório do grupo Human Rights Watch e dos investigadores da ONU, a tortura é rotina, e os jovens são mantidos em estado contínuo de serviço militar. O Human Rights Watch disse que milhares tentam fugir de Eritreia todas as semanas apesar das tropas na fronteira terem ordens de atirar para matar.

Em algum momento, os eritreus serão incorporados à comunidade, jogarão nas equipes da cidade e trabalharão nas fábricas, concorda a maioria das pessoas em Gorinchem.

"Recebemos pessoas em fuga de todas as partes do mundo porque existem conflitos criando um grande número de refugiados, e não podemos fechar os olhos a isso", declarou Barske, o prefeito, mesmo sem ter certeza do quanto os times de futebol locais se beneficiariam.

Barske observou que a Eritreia estava em 200 de 207 seleções no ranking mundial da FIFA. "Acho que provavelmente não seja necessário", ele disse rindo, "criar um programa de naturalização rápido para enviá-los para a Copa do Mundo no Brasil".

Contribuiu Mitra Nazar

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