O centro da cidade parece singularmente antigo, com ruas de paralelepípedos ladeadas por edifícios medievais por todos os lados.
Mas a população abraçou totalmente o mundo digital com entusiasmo, adotando serviços on-line públicos e privados.
Os estonianos, usando um cartão de identidade nacional contendo um microchip, têm acesso a cerca de 4.000 serviços, incluindo banco, registro de negócios e até licenças de pesca. Eles acessam seus registros médicos e compram remédios com prescrições em smartphones. Quase todos declaram impostos pela rede em poucos minutos, e cerca de um terço dos eleitores agora vota on-line.
Enquanto a Europa e os Estados Unidos debatem o papel da tecnologia na vida quotidiana, a Estônia a recebe como um fato da vida, ignorando preocupações sobre a privacidade de dados. Nos últimos 23 anos, o país báltico transformou-se de membro do bloco soviético em um dos países mais conectados, usando a tecnologia construída principalmente dentro de suas fronteiras.
O resto do mundo presta atenção. O antigo primeiro-ministro do país, Andrus Ansip, tem sido cotado para se tornar o novo vice-presidente da Comissão Europeia, responsável pelo futuro digital da Europa. "Eu sei por experiência própria que governo sem papel funciona", ele disse.
Com uma população de 1,3 milhão, a Estônia enfrentou menos desafios do que países maiores como a Grã-Bretanha e os Estados Unidos ao introduzir serviços on-line. A transformação foi feita com um orçamento pequeno. O país gasta cerca de 50 milhões de euros por ano em tecnologia da informação.
A decisão de embarcar no mundo digital também foi impulsionada pelo fato de que, após a independência, o país tinha poucos recursos financeiros e uma pequena população para aquecer sua economia. Políticos locais logo perceberam que não poderiam oferecer serviços no estilo ocidental sem o uso de novas tecnologias que poderiam manter os custos baixos.
A Estônia conta com uma infraestrutura tecnológica estatal, chamada X-Road, que conecta bancos de dados públicos e privados aos serviços digitais do país. Toda informação pessoal é mantida em servidores separados e protegida por agências do governo, mas o sistema permite que o Estado e empresas como bancos compartilhem dados se houver o consentimento individual.
Os estonianos dizem que os serviços on-line são mais seguros e mais convenientes do que os métodos tradicionais para tratar com o governo.
"Os serviços digitais mudaram nossas vidas", disse Taavi Roivas, que recentemente sucedeu Ansip como primeiro-ministro. "É mais fácil se comunicar com o Estado, e há menos burocracia."
Quase 98 por cento dos estonianos declaram o imposto de renda on-line, o que leva cerca de cinco minutos, afirmou Marek Helm, chefe da autoridade de impostos e aduana da Estônia. Isso aumentou o arrecadamento total, diminuiu pela metade o número de funcionários da agência e possibilitou a restituição de impostos no prazo de uma semana.
Houve alguns problemas. O portal médico da Estônia começou a cair com frequência depois que as prescrições digitais foram introduzidas em 2010, pois os aposentados se conectavam ao sistema para renovar sua medicação no mesmo dia em que recebiam suas pensões. Mas agora o país quer inscrever pessoas de fora da Europa na chamada "e-residência", que lhes daria acesso a serviços públicos e privados da Estônia.
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