• Carregando...
A publicação de um novo livro foi especialmente traumática para a antiga companheira de Stieg Larsson, Eva Gabrielsson, que a considera uma feia manipulação de seu legado, visando lucros | Moa Karlberg/for The New York Times
A publicação de um novo livro foi especialmente traumática para a antiga companheira de Stieg Larsson, Eva Gabrielsson, que a considera uma feia manipulação de seu legado, visando lucros| Foto: Moa Karlberg/for The New York Times

A saga de Lisbeth Salander, heroína de “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, continua. David Lagercrantz, 52, que escreveu a sequência da trilogia extremamente popular “Millennium”, de Stieg Larsson, está ao mesmo tempo orgulhoso e ansioso sobre como será recebido por milhões de leitores.

“À noite minha cabeça ferve”, disse, explicando que quando escreve tenta colocar os personagens de Larsson na “corrente sanguínea”. Ao responder sobre qual foi a maior liberdade que tomou no livro, ele riu um pouco e disse: “Escrevê-lo”.

“Estou morrendo de medo de não fazer jus a Stieg”, disse. “Mas não pude resistir à oportunidade.”

Consenso científico perde espaço para ‘verdades seletivas’

Quando nem a prova mais contundente muda mentalidades

Leia a matéria completa

Desde que Larsson morreu de um ataque cardíaco, aos 50 anos em 2004, seus livros venderam 80 milhões de exemplares em todo o mundo. Em 2013, o pai e o irmão de Larsson contrataram Lagercrantz, autor sueco de ficção literária e biografias, para escrever uma sequência. “A Garota na Teia de Aranha” foi publicado em 26 países no mês passado, e suas muitas editoras têm razão de estar otimistas. Cerca de 2,7 milhões de exemplares foram impressos em todo o mundo, e as conversas sobre outro filme já começaram.

Mas nem todo mundo recebeu bem o livro. Sua publicação incomodou especialmente a antiga parceira de Larsson, Eva Gabrielsson, que a considera uma terrível manipulação de seu legado, visando lucros. Ela traça um paralelo entre “Teia de Aranha” e a polêmica publicação do primeiro esboço de Harper Lee de “O Sol É para Todos”. “Estou muito aborrecida com isso”, disse ela. “Não acho que seja a coisa certa a se fazer com um autor morto.”

Gabrielsson, 61, viveu com Larsson por mais de 30 anos. No entanto, como eles nunca se casaram, ela não teve direito à herança segundo a lei sueca. Ela se recusou a liberar as cerca de 200 páginas de um quarto livro inacabado que Larsson tinha em seu computador.

Segundo Lagercrantz, o desafio de criar a sequência foi proposta por seu agente. “Sou um tipo de autor estranho —gosto de missões”, disse Lagercrantz. “Eles me disseram: ‘Você precisa penetrar o mundo de Stieg Larsson, mas o livro tem de ser seu’.”

Erland e Joakim Larsson, o pai e o irmão de Stieg Larsson, disseram que nunca pensaram em pedir a outra pessoa senão Lagercrantz para escrever o livro, que foi recebido com algumas críticas iniciais positivas. Eles disseram que pretendiam dar os direitos autorais à “Expo”, revista investigativa que Larsson cofundou.

Lagercrantz começou sua carreira de escritor como repórter policial em um tabloide sueco. Depois, ele passou a escrever biografias e fez um romance sobre Alan Turing, o gênio da computação britânico que decifrou códigos militares na Segunda Guerra Mundial. Sua obra mais elogiada, “I am Zlatan Ibrahimovic”, é uma biografia romanceada que retrata a vida e a criação de um dos mais famosos jogadores de futebol da Europa.

Sobre “A Garota na Teia de Aranha”, disse: “Eu nunca fui inteligente o suficiente para inventar uma figura icônica como Salander, mas ela é o meu tipo de garota”. Quanto a futuras sequências, afirmou: “Não quero ser Stieg Larsson por toda a minha vida”.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]