• Carregando...
Estudo constatou que jovens adolescentes socialmente precoces podem não se sair bem mais tarde | Gianluca Fabrizio/Getty Images
Estudo constatou que jovens adolescentes socialmente precoces podem não se sair bem mais tarde| Foto: Gianluca Fabrizio/Getty Images

Aos 13 anos, eles eram vistos com inveja e admiração pelos colegas. As meninas usavam maquiagem, tinham namorados e iam a festas oferecidas por outros estudantes. Os meninos compravam cerveja clandestinamente nas noites de sábado e roubavam camisinhas da loja de conveniência local. Eram adolescentes cool. Bem apessoados. Muito diferentes das pessoas comuns. O que foi que aconteceu com eles? "Os meninos que pareciam estar na pista rápida não se deram bem", diz Joseph Allen, professor de psicologia na Universidade da Virgínia e diretor de um estudo recentemente publicado pela revista científica "Child Development", que acompanhou essa garotada socialmente precoce por uma década. No ensino médio, o status de que desfrutavam muitas vezes começou a decair, e eles passaram a enfrentar dificuldades em muitas frentes.

A pressa de atingir um comportamento definido pelo dr. Allen como "pseudomaturo" que os colocou no caminho de futuros problemas. Agora com pouco mais de 20 anos, muitos desses jovens enfrentaram dificuldades em relacionamentos íntimos e com álcool e maconha, e até com atividades criminosas. "Eles fazem coisas cada vez mais extremas para tentar parecer cool, se vangloriam de beber uma dúzia e meia de cervejas, e seus pares pensam que esses garotos não são competentes socialmente", diz o dr. Allen. Quando estavam no ginásio, e crescendo rápido, o que os propelia era o anseio intensificado de impressionar os amigos. O comportamento arrojado lhes valia um brilho inicial de popularidade. Mas quando chega o ensino médio, seus pares começam a amadurecer, e a se preparar para experiências românticas e até mesmo para formas amenas de delinquência. E é então que a popularidade dos jovens cool começa a se deteriorar.

B. Bradford Brown, professor de psicologia educacional na Universidade de Wisconsin em Madison e autor de trabalhos sobre relacionamentos sociais entre adolescentes, afirma que a constatação que mais o surpreendeu na pesquisa, da qual não participou, foi a de que o comportamento "pseudomaduro" prenuncia de maneira mais forte que o uso de drogas no começo da adolescência futuros problemas com álcool e drogas. As pesquisas com jovens no geral os acompanham apenas durante a adolescência, acrescenta o dr. Brown. Mas esse estudo, que acompanhou um grupo diversificado de 184 participantes, os acompanhou até os 23 anos, no começo da idade adulta.

Três formas de comportamento que denotam busca de popularidade caracterizam a pseudomaturidade, constataram o dr. Allen. Esses jovens adolescentes buscam amigos fisicamente atraentes; seus romances são mais numerosos, emocionalmente intensos e sexualmente exploratórios que os de seus colegas; e eles se dedicam a formas amenas de delinquência – cabular a escola, entrar no cinema sem pagar, vandalismo.

Os pesquisadores enfrentaram dificuldades para entender por que esse conjunto de comportamentos colocava os jovens adolescentes em um percurso de queda. Allen sugeriu que enquanto buscavam popularidade, eles perdiam um período crucial de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, outros jovens adolescentes estavam aprendendo sobre como solidificar amizades com as pessoas do mesmo sexo enquanto se envolviam em atividades com baixa dramaticidade, por exemplo assistir filmes juntos e comer sorvete em casa em uma noite de sexta-feira. Os pais apoiam esse tipo de comportamento e não se preocupam por seus filhos em começo de adolescência não serem "populares", diz o pesquisador.

"Ser verdadeiramente maduro no começo da adolescência significa ser capaz de amizades leais, apoio aos companheiros, trabalho árduo e responsabilidade", diz o dr. Allen. "Mas isso não causa comentários entusiasmados na primeira aula de segunda-feira". Brown aponta outro motivo para que os meninos mais cool tenham perdido o rumo. Os adolescentes que lideram e determinam as escolhas alheias em termos de roupas, mídia social e até mesmo cores de cadernos têm de arcar com um fardo pesado para o qual não estão equipados socialmente. Por isso, gravitam na direção de adolescentes mais velhos.

E esses adolescentes mais velhos, que podem eles mesmos ter sido vistos como cool no começo de suas adolescências, são exemplos de comportamento dúbio, ele diz. "Na adolescência, quem se dispõe a conviver com garotos três ou quatro anos mais novos? Os jovens fora da norma". Mas Allen diz que a pseudomaturidade não é um previsor firme: alguns se tornaram jovens adultos responsáveis. E o dr. Mitchell Prinstein, da Universidade da Carolina do Norte, disse que estudos sugerem que seus pais podem reforçar as qualidades que os ajudarão a resistir à pressão por se tornarem cool demais, rápido demais.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]