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Com o aumento da demanda, agora todos os fornos estão acesos nas usinas da ArcelorMittal em Dunquerque, na França | Andrew Testa para The New York Times
Com o aumento da demanda, agora todos os fornos estão acesos nas usinas da ArcelorMittal em Dunquerque, na França| Foto: Andrew Testa para The New York Times

O complexo de 485 hectares da ArcelorMittal aqui no litoral norte da França é um lugar perigoso, cheio de metal incandescente e máquinas ruidosas. Mas Henri-Pierre Orsoni, diretor de operações da empresa, adora isso.

"É uma paixão", disse ele.

Orsoni reconhece que os últimos anos, quando a demanda por aço na Europa praticamente evaporou, foram dolorosos. Hoje, porém, ele e outros na indústria começam a ver sinais de um renascimento do setor, o que permanece um forte indício da saúde da economia europeia como um todo. Depois dos fechamentos durante a recessão, os três altos-fornos de Dunquerque estão funcionando com plena capacidade.

Orsoni espera que a usina de Dunquerque produza neste ano 6,6 milhões de toneladas de placas de aço, 5% a mais que no ano passado. Seus clientes, especialmente a indústria de automóveis, que compra cerca da metade de seu aço, estão aumentando seus pedidos. Mas os tempos difíceis o tornaram cauteloso. "Estamos sentindo que a coisa começou a melhorar", diz ele. "Mas todo mundo está atento."

A ArcelorMittal, sediada em Luxemburgo, é a maior fabricante de aço do mundo e produz cerca de 25% do aço europeu. Entre seus principais rivais estão a ThyssenKrupp da Alemanha e a Voestalpine da Áustria.

As empresas vêm comprando cerca de 30% menos aço do que durante o pico econômico em 2007, e o emprego na indústria encolheu cerca de 16% desde o início da recessão, para cerca de 350 mil empregos. Assim como Orsoni, outros na indústria preveem que quando a economia europeia se estabilizar a demanda por aço aumentará gradualmente. Mas eles não preveem um boom.

"Definitivamente não haverá números disparados", disse Wolfgang Eder, executivo-chefe da Voestalpine, a terceira maior siderúrgica da Europa.

A construção, que responde por cerca de 35% do consumo de aço europeu, continua lenta, segundo Peter Fish, presidente da firma de consultoria do setor Meps, na Inglaterra. Países como Espanha e Itália, que tiveram uma ascensão econômica anterior baseada na construção, "continuam em dificuldades", disse Fish.

Jean-Christophe Vigouroux, presidente da Bacacier, fabricante francesa de edifícios de aço que comprará 70 mil toneladas do produto da ArcelorMittal neste ano, diz que o mercado francês da construção será estável em 2014, mas "muito mais interessante em 2015". As siderúrgicas vêm tentando negociar um aumento de preço de cerca de 4%, para aproximadamente 470 euros a tonelada, mas estão tendo dificuldades, segundo Jeff Largey, analista da Macquarie Securities em Londres.

Eder estimou que a indústria de aço europeia eliminou uma capacidade de produção de aço cru de 10 milhões de toneladas desde a crise financeira, mas precisava remover mais 25 milhões de toneladas para evitar a pressão descendente dos preços.

Mas fechar usinas na Europa não é fácil. O fechamento parcial das operações da ArcelorMittal em Florange, nordeste da França, com a perda de cerca de 600 empregos, provocou uma ameaça de nacionalização em 2012 pelo governo do presidente François Hollande.

A companhia consolidou sua produção de aço cru em um punhado de locais. Estes incluem Gand, na Bélgica, Fos-sur-Mer, no sul da França, e perto do porto de Dunquerque. Este tem certas qualificações básicas, incluindo o fato de que os navios podem atracar lá, reduzindo os custos de transporte. A ArcelorMittal indicou sua intenção de continuar investindo em Dunquerque. Representantes sindicais dizem que, embora os investimentos sejam tranquilizadores, eles não estão contentes que a companhia esteja dispensando funcionários e empregando jovens trabalhadores temporários quando os mais velhos da usina se aposentam.

Serge Vanderlynden, funcionário de 39 anos e representante do sindicato Força Operária, lembra que nos anos 1970 havia cerca de 10 mil empregados no local, comparados com aproximadamente 3.100 hoje. "Podemos sentir a tristeza", disse ele. "As pessoas estão preocupadas."

Lakshmi Mittal, executivo-chefe da companhia, disse que teve de enxugar as operações europeias. A principal empresa europeia, para a qual Orsoni trabalha, perdeu US$ 933 milhões em receitas de US$ 27 bilhões no ano passado. O negócio comparável da companhia nas Américas teve um lucro de US$ 852 milhões.

Mittal disse que cortou cerca de US$ 1 bilhão em custos da operação europeia, medida que segundo ele deverão torná-la rentável.

Ele prevê que a demanda na Europa subirá cerca de 2%, comparada com cerca de 4% nos Estados Unidos.

A ArcelorMittal é encorajada pelas previsões de clientes como a Toyota na Europa.

"Vamos comprar mais em comparação com o ano passado", disse Galina Staykov, diretora de compras sênior da Toyota na Europa. "Praticamente todo mundo vai comprar mais aço, porque o mercado está crescendo."

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