Já fazia alguns anos que aquele era o McDonalds mais movimentado do mundo; agora, estava tudo escuro. Uma placa pequena dizia: "O estabelecimento de fast-food se encontra fechado por problemas técnicos. Desculpem-nos pela inconveniência".
O restaurante da Praça Pushkin, símbolo do início do fim da Guerra Fria ao se tornar o primeiro McDonalds da União Soviética, em 1990 foi um dos quatro que o governo russo mandou fechar na capital. Segundo a versão oficial dada pela Rospotrebnadzor, a agência de proteção ao consumidor local, houve "inúmeras violações à legislação de vigilância sanitária".
É claro que os clientes não acreditaram na desculpa, insistindo que o conflito entre a Rússia e o Ocidente por causa da Ucrânia foi o verdadeiro motivo.
"É político", decretou Sanat Parmanova. "Se estão tão preocupados assim com a saúde do povo, então não deveriam deixar nem abrir. É só por causa do conflito entre os presidentes que acabou fechando".
Será que é porque o presidente Vladimir V. Putin não gosta de hambúrguer? "O Putin não gosta é do Obama", disparou ela.
Não faz diferença se o McDonalds tem 437 restaurantes na Rússia e que, juntos, empreguem mais de 37 mil pessoas; ou que, de acordo com a empresa, 85 por cento dos produtos que usa no país venham de empresas nacionais; ou que, em 2011, ela tenha ganhado um prêmio como a melhor empregadora do país. Na visão do Kremlin, o Big Mac ou Beeg Mak, como é pedido aqui ainda é mais norte-americano que a torta de maçã.
"Foi só uma reação política do Putin", declarou Veronika Kolbasina.
A senhora, hoje com 56 anos, conta que ficou na fila duas horas para entrar no restaurante no dia da inauguração, 31 de janeiro de 1990. Ela foi com o filho, que era um garotinho. Hoje ele está com trinta anos.
"Era hambúrguer com carne de verdade", ela explica. Confessa também que guardou os copos de papel que usou durante a primeira refeição na lanchonete e que assim que soube que algumas filiais iam fechar, correu para a mais próxima para comer uma salada César.
"É a minha favorita", justifica, tirando a tigela vazia (e limpa) da bolsa. "Decidi guardar caso a cadeia feche as portas para valer".
De acordo com a imprensa russa, todos os restaurantes da rede no país estavam sendo inspecionados.
O McDonalds, por sua vez, divulgou nota dizendo que estava analisando as reclamações do governo e trabalhando para reabrir as lanchonetes. "Sempre cumprimos à risca as leis e exigências da Federação Russa", afirmou.
Entre os clientes decepcionados que olhavam pela porta trancada do McDonalds da Praça Pushkin estavam Svetlana Fomina e seus filhos, Gordey, de sete anos e Alisa, de quatro, em busca de hambúrgueres e fritas.
"Para mim, é uma empresa boa e sei disso porque trabalhei lá quando estudava", ela conta. "Política e negócios não deveriam nunca se misturar. Eu quero jeans norte-americano por causa da qualidade. Acho que não deveriam ter fechado o McDonalds porque gente de todo tipo come aqui. Não tem nada de ilegal".
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