Quando Sheryl Sandberg, a diretora de operações do Facebook, lançou o best-seller "Faça Acontecer: Mulheres, Trabalho e a Vontade de Liderar" ("Lean In", no original), ela prometeu que esse seria apenas o início da sua campanha para estimular mais mulheres a assumirem papéis de liderança.
Ao longo do ano passado, Sandberg e a sua Fundação Lean In mantiveram o tema em pauta ao chamar a atenção para as várias maneiras como as mulheres são podadas. Seu último alvo é a palavra "mandona". A fundação recentemente divulgou um vídeo, que já foi visto mais de 1,5 milhão de vezes no YouTube, com mulheres famosas, como Condoleezza Rice e Beyoncé, dizendo que às vezes as moças temem ser líderes porque não querem ser vistas como mandonas. Parem de usar a palavra, argumentam elas, e permitam que as garotas saibam que é bom serem ambiciosas.
Tanto as meninas como os meninos sentem a pressão para se adequarem aos tradicionais papéis destinados a cada gênero, escreveu o colunista Charles Blow no "New York Times" depois que a campanha começou.
"Nós temos de olhar para nossos meninos e meninas como mais do que saias e calças, donzelas e fiéis escudeiros, cuidadoras de crianças e arrimos de família", escreveu ele. "Temos de vê-los e incentivá-los a se expressarem como seres humanos plenamente realizados. As meninas têm de ter um espaço seguro para serem assertivas, e os meninos, para serem vulneráveis sem sentirem que fracassaram num teste de normatividade de gênero."
Outro foco recente do movimento "Lean In" é a mudança no modo como as mulheres aparecem nos bancos de dados fotográficos usados para anúncios e outras finalidades. Sandberg disse que tais fotos estão ultrapassadas e deveriam refletir a diversidade das experiências das mulheres de hoje.
O Getty Images, um dos maiores fornecedores de imagens, concordou em atualizar seu arquivo com uma coleção especial de 2.500 fotos, um quarto das quais eram novas para a agência.
"A nova biblioteca de fotos mostra mulheres profissionais, como cirurgiãs, pintoras, padeiras, soldados e caçadoras", informou o "NYT". "Há meninas andando de skate, mulheres levantando pesos e pais trocando fraldas. As mulheres nos escritórios usam roupas e penteados contemporâneos e seguram tablets ou smartphones imagens bem distantes das típicas fotos de arquivo de mulheres com pastas e terninhos dos anos 1980.
Recentes representações visuais de mulheres foram criticadas, incluindo uma capa da revista "Time", sobre Hillary Clinton, que mostrava um enorme sapato de salto alto pisando em um homem pequenino.
"No Facebook, eu penso no papel que o marketing desempenha em tudo isso, porque o marketing tanto reflete nossos estereótipos como reforça estereótipos", declarou Sandberg ao "NYT". "Somos parceiros no sexismo ou somos parceiros contra o sexismo?"
Embora o livro "Faça Acontecer" seja direcionado principalmente às mulheres, Sandberg e outras pediram a homens que o lessem e as ajudassem a mudar as empresas onde trabalhavam. O livro encontrou "um número significativo de defensores homens, alguns em altos cargos", relatou o "NYT". Um desses leitores foi Kevin Systrom, um dos criadores do Instagram. Ele contou ao "NYT" que considera importante compreender como os papéis de cada gênero afetam os empregados "de modo que possamos ter o mais produtivo ambiente de trabalho".
Outro leitor, James Dominick, que trabalha para um banco sul-coreano em Nova York, disse que a leitura do livro foi um dos motivos que o levaram a contratar a primeira mulher para sua equipe gerencial. Ele também comprou exemplares para nove colegas e amigos homens. "Estou convencido, tanto por Sheryl como pelas informações, dos benefícios de ter um equilíbrio de gênero em uma equipe de comando", disse.