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Surto de meningite ameaça África

Bebê somali recebe dose de vacina em 2013; aumentam casos de meningite C no continente africano | Ben Curtis/AP
Bebê somali recebe dose de vacina em 2013; aumentam casos de meningite C no continente africano (Foto: Ben Curtis/AP)

As organizações internacionais temem um retorno violento da meningite na África, e os fabricantes de vacina precisam acelerar a produção para evitar um surto da doença.

A meningite é causada por uma das muitas variedades da bactéria Neisseria meningitidis. Uma vacina lançada há cinco anos praticamente debelou as infecções de meningite A na África. No entanto, as infecções causadas por outra variedade, a do tipo C, estão aumentando.

Enquanto alguns especialistas temem uma nova explosão da doença em 2016, outros consideram que ainda não há dados suficientes para prever um surto.

Vacinas contra a meningite C já existem, mas são caras: US$ 20 por dose foi o preço mais baixo oferecido a um consórcio de saúde pública internacional, encabeçado pela Organização Mundial de Saúde, que estoca vacinas para emergências.

O consórcio Grupo Internacional de Coordenação do Estoque de Vacinas para o Controle da Meningite Epidêmica pretende adquirir 5 milhões de doses. Para que as vacinas surtam efeito, deverão ser enviadas e injetadas antes de janeiro, quando a meningite normalmente retorna à África, levada pelo “harmattan”, ventos secos que sopram do Saara.

A menos que algo melhor aconteça —uma doação substanciosa ou uma significativa queda nos preços—, os especialistas do consórcio não estão muito esperançosos. “Se não conseguirmos as doses, a coisa ficará feia”, disse William A. Perea, coordenador da unidade de controle de doenças epidêmicas da OMS. “Por isso estamos fazendo barulho.”

A indústria de vacinas é frágil em todo o mundo. Em razão das fusões e aquisições, apenas quatro das principais companhias farmacêuticas —GlaxoSmithKline, Sanofi-Pasteur, Merck e Pfizer— ainda fazem vacinas para outras doenças além da gripe. As empresas estão mais interessadas em atender os países ricos, dos quais podem cobrar US$ 100 ou mais por dose. Consequentemente, há poucos fabricantes para suprir as necessidades dos países pobres e pouca concorrência para baixar os preços.

“A precificação das vacinas é muito mais sigilosa que a dos remédios,” disse Kate Elder, especialista em políticas de vacinas da Médicos Sem Fronteiras. “Quando sondamos as empresas, elas nunca nos dizem como chegaram a determinado preço.”

Fábricas estatais na Índia, no Brasil, em Cuba e em outros países também produzem vacinas contra a meningite. Mesmo que alguns recebam para produzir mais do que necessitam localmente, muitos dependem de tecnologia antiga e são prejudicados pela burocracia governamental.

Uma vacina barata contra a meningite C e quatro outros tipos da infecção está sendo desenvolvida na Índia, mas ainda deverá ser testada por mais cinco anos.

Em abril, uma grave epidemia do novo tipo C atingiu cerca de 6.000 pessoas no Níger e provocou por volta de 500 mortes.

“Houve muita ansiedade, porque a maioria da população conhecia alguém que tinha contraído a doença ou morrido”, disse Sarah A. Meyer, epidemiologista dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, que trabalhou localmente. “As pessoas rezavam para que voltasse a chover. E começaram a correr para as farmácias atrás de vacinas.”

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