Foi uma das razões mais curiosas para o atraso de um voo: dezenas de tartarugas-de-dorso-de-diamante atravessaram lentamente a pista de pouso do aeroporto internacional JFK, em Nova York.
O incidente ocorreu em 2009 e fez manchetes. Sempre houve tartarugas no Refúgio de Fauna e Flora Jamaica Bay, logo ao sul do aeroporto, mas sua presença ocasional na área do aeroporto não costumava causar confusão.
Mas naquele dia de julho, Russell Burke, diretor do departamento de biologia da Universidade Hofstra, na vizinha Hempstead, comentou: "Alguma coisa levou um número enorme de tartarugas a subir a pista 4L".
Dois anos mais tarde o fenômeno se repetiu. E no último 3 de julho um grupo de tartarugas voltou a aparecer na pista 4L, não obstante as medidas tomadas para mantê-las à distância.
Sempre que uma tartaruga atravessa uma barreira de plástico montada no aeroporto após a primeira invasão, biólogos são despachados para buscá-la. As tartarugas muitas vezes são vistas pelos pilotos, para os quais mesmo um animal pequeno é um risco potencial. Os biólogos então determinam se a tartaruga está grávida. Se sim, eles a levam para uma praia arenosa, do outro lado da cerca, onde ela poderá escavar seu ninho. Se não estiver, os biólogos tiram uma impressão de seu casco e a tartaruga é devolvida à natureza.
Estudando as impressões das carapaças, Burke observou alguma coisa sobre as tartarugas que estavam indo ao aeroporto. Muitas eram jovens, com entre 7 e 9 anos. Essa é a idade em que as tartarugas atingem a maturidade sexual e quanto retornam às praias onde nasceram para ali escavar seus ninhos.
O crescimento da população de tartarugas em Jamaica Bay é tradicionalmente controlado pelos guaxinins, que matam mais ou menos 95% dos filhotes recém-nascidos a cada ano. Esse fato, associado à idade das tartarugas, levou Burke a formular uma hipótese.
"Meu palpite", ele disse, "é que sete a nove anos atrás aconteceu alguma coisa aos guaxinins no JFK. Isso porque muitos dos ovos postos naquele ano sobreviveram, e quando essas tartarugas chegaram à idade de reproduzir, começaram a invadir a pista de pouso."
Burke descobriu que de fato, muitos guaxinins do refúgio natural morreram em 2008 devido a um surto de cinomose.
Agora há sinais de que a população de tartarugas está voltando ao normal, pelo menos as do aeroporto Kennedy. Em junho de 2012, biólogos contaram 800 tartarugas de dorso de diamante. Um ano mais tarde, havia 400. Este ano, cerca de 300.
Mas as tartarugas continuam a fazer visitas ocasionais ao aeroporto, como a de 3 de julho, quando uma maré alta levou 86 delas a passar sobre a barreira na extremidade pantanosa onde a pista 4L termina.
De acordo com Ron Marsico, um representante do aeroporto, naquele dia os aviões puderam utilizar uma pista diferente.
Houve alguns voos atrasados, mas, segundo ele, a causa foi mais tradicional: o mau tempo.
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