Owen Lanahan, 15, fica acordado vendo vídeos e enviando torpedos – prática batizada de “vamping”| Foto: Leah Nash/The New York Times

Os pais de Owen Lanahan exigem que o celular dele seja guardado na cozinha às 22h, mas às vezes ele o leva escondido para o quarto. É que Owen considera que só no fim da noite consegue ter um tempo "para si".

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"Os garotos da minha idade são muito ocupados", disse Owen, 15, estudante do segundo ano do ensino médio em Portland (Oregon). "Temos escola o dia todo e vemos nossos amigos. Chegamos em casa e temos que fazer o dever de casa. Depois jantamos e vamos para cama."

Por isso, em algumas noites, geralmente nos fins de semana, ele se aconchega debaixo das cobertas com seu laptop, com a tela menos brilhante, para que seus pais não vejam, e assiste a tutoriais no YouTube sobre como criar batidas de hip-hop com uma bateria eletrônica.

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"Às vezes olho o relógio e já são 3h da manhã, e estou assistindo a um vídeo de uma girafa comendo um bife", disse. "E me pergunto: ‘Como cheguei até aqui?’."

De acordo com uma recente pesquisa conduzida nos Estados Unidos pela Fundação Nacional do Sono, mais de metade dos jovens de 15 a 17 anos dorme cerca de sete horas por noite, 90 minutos a menos do que o mínimo recomendado. Com uma miríade de formas eletrônicas para se socializar e explorar hobbies, adolescentes viciados em tecnologia estão dormindo ainda menos.

Alguns jovens já usam na internet um termo para descrever isso: "vamping", uma referência às lendárias criaturas da noite.

Temitayo Fagbenle, uma adolescente que trabalha como "foca" para a rádio WNYC, fez em maio uma reportagem mostrando como seus amigos dormiam pouco por causa das redes sociais. "Você quer parecer o mais ‘cool’ possível, então posta algo às 2h da manhã, apenas para dizer ‘Ah, faço parte dessa galera legal’", disse um amigo dela.

O termo chamou a atenção até de acadêmicos.

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"Nas redes sociais, se lida com a questão de ter a iniciativa sobre a própria vida, e o ‘vamping’ é uma maneira de recapturar isso", disse Alice Marwick, professora-assistente da Universidade Fordham, em Nova York.

Danah Boyd, acadêmica e pesquisadora-sênior da Microsoft Research, cita duas razões para o fenômeno: primeiro, os adolescentes sentem o desejo de se conectarem, e a solidão noturna permite conversas íntimas. Segundo, estão reagindo às agendas lotadas com esportes, aulas de música e lições de casa, que os deixam com menos tempo livre para buscar interesses pessoais.

Pode haver outra razão, tão eterna quanto os bailes de colégio e os clubes para o horário pós-escolar: a pressão dos colegas. A mãe de uma adolescente de 13 anos em Seattle disse que sua filha tem dificuldade de se desconectar do seu grupo social à noite; ela normalmente surpreende a garota conversando tarde da noite com amigos no Kik, um sistema de mensagens por celular.

"Eu digo: ‘Como você consegue? É estressante’", disse a mãe. "E ela diz: ‘Eu sei!’." Mas sua filha acha dificílimo se desconectar depois que anoitece. "O telefone faz um bip e eles se sentem obrigados a responder", disse a mãe. "Não é como ler um livro. O livro não apita o tempo todo dizendo ‘Leia-me! Leia-me!’. Você pode fechar o livro."

Profissionais de ensino estão tentando ajudar os pais a imporem limites. James Shapiro, diretor de ensino médio da Escola Berkeley Carroll, no Brooklyn, dá dicas, tais como manter os aparelhos eletrônicos fora do quarto durante a noite.

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"Quando a porta do quarto estiver fechada, os computadores devem estar desligados, e os celulares não devem estar no quarto", disse. "É tentador demais."

Mesmo com limites, é difícil patrulhar os adolescentes 24 horas por dia.

Robin Lanahan, a mãe de Owen, disse que uma vez se levantou no meio da noite para tomar um copo d’água e percebeu que o laptop do seu filho não estava no banco do corredor. Foi a primeira vez que ela o flagrou na cama, com os lençóis armados como em uma barraca, com seu laptop e alguns equipamentos de música. "Todos os pais estão sofrendo com isso", disse Lanahan.

Talvez o comportamento dos adolescentes não tenha mudado, ainda que o nome "vamping" seja novo. "Eu tinha uma lanterna e lia Dickens tarde da noite", disse Shapiro. "Quando escutava passos, desligava a lanterna." E sorriu, acrescentando: "Eu era bom em fingir que estava dormindo".

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