Flora Bojadziev andava por uma Toys “R” Us em Manhattan procurando por brinquedos educativos para seu filho de dois anos e meio, que já brinca com o iPad dela. Ela se recusou a gastar US$130 no LeapPad Ultra XDi da LeapFrog, um tablet para crianças. “Com esse dinheiro posso comprar um monte de aplicativos para ele”, disse.
Esse é exatamente o problema da LeapFrog, uma empresa que fez milhões de dólares com dispositivos para crianças antes que elas aprendessem a lidar com as telas dos iPads. Conforme alternativas mais baratas foram chegando ao mercado, a LeapFrog viu suas vendas despencarem. Ela virou alvo dos short-sellers, investidores que apostam no fracasso de uma empresa, e foi processada por acionistas que dizem ter havido uma avaliação errada da demanda de seus produtos.
Críticos dizem que a LeapFrog é o exemplo mais recente de como a tecnologia desbancou os gigantes da indústria de brinquedos.
O advogado Mike Wood criou a empresa em 1995, e em 1999 introduziu o primeiro LeapPad, o livro eletrônico com áudio e caneta que ajudava as crianças a aprenderem a ler. Com o desenvolvimento tecnológico, a LeapFrog criou um tablet para os pequenos: sem a necessidade de habilidades para navegar pela internet e um número limitado de jogos.
Em 2011, o LeapPad custava US$100, quando a média de preço de um tablet nos Estados Unidos era de US$470, de acordo com o grupo de pesquisa de mercado Euromonitor.
As vendas dispararam. Sean McGowan, analista da Needham and Company, estima que a empresa tenha vendido 1,2 milhões de tablets no primeiro ano, e esse número mais que dobrou em 2012, quando o LeapPad 2 foi lançado.
Alguns anos depois, no entanto, a ideia de um tablet que tem apenas um número limitado de tarefas começou a parecer ultrapassada. As primeiras gerações de iPad foram passadas dos pais para os filhos e os tablets ficavam cada vez mais baratos. McGowan estima que as vendas do LeapPad caíram mais de 40 por cento em 2014.
“É preciso ir atrás do peixe, e ele não está mais nos sistemas fechados”, disse Gerrick Johnson, analista da BMO Capital Markets.
A LeapFrog começou a disponibilizar seu conteúdo para outras plataformas, mas isso é o mesmo que fazem centenas, se não milhares, de aplicativos concorrentes. E essa competição é feroz.
Mesmo que os americanos tenham comprado mais do dobro de tablets em 2014 do que compraram em 2011, eles pagaram em média US$330, de acordo com a Euromonitor. Isso forçou um corte de preços geral. O tablet mais recente da LeapFrog, o LeapPad Glo, custa US$40 a menos que seu predecessor de 2011.
John Barbour, presidente da LeapFrog, reconheceu que a empresa dependia muito de suas plataformas eletrônicas e agora procura meios de diversificar. A LeapFrog está convertendo parte de seu conteúdo para que funcione em tablets Android e planeja começar sua própria plataforma Android este ano.
Em janeiro, a LeapFrog divulgou vendas de US$145 milhões no terceiro trimestre fiscal e uma perda de US$124 milhões. Suas ações caíram mais de 30 por cento.
Jim Silver, editor do TTPM, site de avaliação de brinquedos, disse: “A cada ano que passa e mais aplicativos são gratuitos ou muito baratos, a coisa se complica”.