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Petroswickonicovick Wan-deckerkof da Silva Santos | Lianne Milton para The New York Times
Petroswickonicovick Wan-deckerkof da Silva Santos| Foto: Lianne Milton para The New York Times

Quando chegou à adolescência, Wonarllevyston Garlan Marllon Branddon Bruno Paullynelly Mell Oliveira Pereira fez o que qualquer pessoa consciente e preocupada com o assédio que sofreria dos amigos faria: pediu aos pais e à justiça para trocar de nome.

"Nunca tive nada em comum com Marlon Brando", diz ele, referindo-se ao ator norte-americano que inspirou parte de seu nome. Assim, com a permissão de seus pais e do sistema legal, passou a se chamar Bruno Wonarleviston Oliveira Pereira.

Ter um nome diferente é extremamente comum no Brasil. Veja os casos de Mike Tyson Schwarzenegger Pradella, Errolflynn Paixão e o encanador de 31 anos Charlingtonglaevionbeecheknavare dos Anjos Mendonça.

Alguns estudiosos dizem que a prática vem da tendência de se espelhar em outros países, mais ricos e mais bem conceituados que o Brasil, estimulando os pais a buscar nomes que soem ilustres, como por exemplo, Abraão Lynconn Sousa Santana, inspirado no presidente norte-americano, e Mao Tse Tung Lima de Moura.

Outros alegam que o costume reflete séculos de imigração, conquista e escravidão, processo que misturou as culturas indígena, africana, europeia e asiática. E há também quem goste do diferente simplesmente pela sonoridade.

"As pessoas que fazem isso não foram engolidas pela cultura de massa, o que eu acho ótimo", confirma Elaine Rabinovich, psicóloga que explora a prática singular do Brasil. Alguns países, como Alemanha e Islândia e o colonizador Portugal têm leis rígidas em relação às escolhas de nomes de seus cidadãos. Entretanto, o Brasil não está só: a vizinha Venezuela tem sua cota de Stalins, Nixons, Hiroshimas, Tutankamens e Taj Mahals; o Zimbábue Godknows (Sabe Deus), Lovemores (Amar Mais) e Learnmores (Aprender Mais).

Enquanto a elite prefere ficar com os tradicionais Pedro, Gabriel, Julia e Carolina, a cultura popular dos EUA sem dúvida fascina uma grande parcela da sociedade.

Um canal de TV há pouco descobriu uma família no interior de São Paulo que encontrou sete formas de homenagear Elvis Presley: Elvis, Elvisnei, Elvismara, Elvislei, Elvicentina, Elvislaine e Elvislene.

"Já chegamos a um ponto em que é preciso fazer alguma coisa", diz Osny Machado Neves, um advogado de 73 anos que compilou os oito mil nomes mais chocantes em um livro.

"Às vezes os pais não têm a mínima noção do trauma que estão infligindo aos filhos", prossegue ele, mencionando o exemplo de Colapso Cardíaco.

E tem também Petroswickonicovick Wandeckerkof da Silva Santos, um prodígio do futebol de treze anos.

Seu pai, José Ivanildo dos Santos, técnico de futebol, foi questionado sobre sua escolha.

"A mulher do cartório achou horroroso e me chamou de maluco, mas eu disse que ia batizá-lo daquele jeito mesmo assim", conta ele em entrevista na TV.

Taylor Barnes e Lis Horta Moriconi contribuíram com a reportagem do Rio de Janeiro

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