Uma policial da Indonésia disse que testes de virgindade nas recrutas não cumprem o objetivo de avaliar a moral| Foto: Adek Berry/agence france-presse—getty images

Prática que data de 1965 perturba recrutas

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A coronel Sri Rumiati segue carreira na Polícia Nacional da Indonésia, mas o dia em que ela fez o teste de admissão em 1984 é um que gostaria de esquecer.

Durante um exame físico obrigatório, uma médica lhe aplicou um chamado teste de virgindade, inserindo dois dedos para determinar se seu hímen estava intacto. "O teste é estressante e vergonhoso para as mulheres", disse Rumiati, que hoje é psicóloga da polícia.

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Não adiantou muito o fato de o exame ter sido aplicado por uma mulher. Parecia uma violação, disse Rumiati, algo que não determina a virgindade, não tem equivalente comparável para os recrutas homens e não alcança seu objetivo declarado, que é avaliar a moralidade de uma recruta.

"Você determina a moral de uma candidata a partir de testes de comportamento social ou avaliando os atos da pessoa", disse ela. "Não tem a ver com a virgindade."

As mulheres que se inscrevem para ser policiais na Indonésia são submetidas ao exame de virgindade pelo menos desde 1965, quando a força policial foi colocada sob o comando dos militares. Mas a questão provocou debate acalorado aqui desde que a Human Rights Watch divulgou um relatório e um vídeo no mês passado com evidências de que essa política continua em vigor.

A organização disse que entrevistou oito policiais, atuais e antigas, e candidatas de seis cidades, incluindo duas que disseram ter passado pelo teste de virgindade neste ano. As mulheres casadas não podem ser policiais.

O chefe da Polícia Nacional disse no mês passado que as recrutas mulheres não são submetidas a testes de virgindade. Mas horas depois, dois oficiais graduados da Polícia Nacional em Jacarta foram citados pela mídia local confirmando que a força policial aplica os testes.

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Embora falhar no exame de virgindade não desqualifique uma candidata, ela "pode receber menos pontos se seu hímen não for intacto", disse o general-brigadeiro Arthur Tampi ao jornal "The Jakarta Post".

Grupos locais de mulheres e de direitos humanos pediram o fim dessa prática. No ano passado, o diretor de um departamento de educação na província de Sumatra do Sul sugeriu realizar testes de virgindade em meninas do colegial para desencorajar a promiscuidade e a prostituição adolescente.

Milhares de indonésias foram às redes sociais criticar a ideia, que foi rapidamente rejeitada por autoridades do governo nacional em Jacarta.

A coronel Dede Rahayu, que dirige a Escola de Polícia Feminina em Jacarta, disse que nunca ouviu alguma de suas alunas ou policiais dizer que foi submetida ao teste. As policiais "que disseram ter feito o teste não compreendem o que é um teste de virgindade", disse ela, comentando que todas as candidatas passam por um exame retal e que elas podem ter confundido os dois.

"Ou talvez elas queiram que as pessoas pensem que ainda eram virgens quando entraram na força", disse ela. "Uma mulher solteira que não é virgem é um tabu na Indonésia."

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