Ruídos em eventos esportivos podem levar à perda auditiva| Foto: steve hebert / The New York Times

Este ano, os torcedores do Seattle Seahawks no estádio CenturyLink Field bateram o recorde mundial de torcida mais barulhenta, com 136,6 decibéis capazes de rachar a cuca.

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Esse volume, conforme alardeia o site da equipe de futebol americano, fica entre "sérios danos à audição" e "ruptura do tímpano".

Poucas semanas depois, os torcedores do Kansas City Chiefs bateram o recorde no Estádio Arrowhead, chegando a 137,5 decibéis.

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Porém, a barulheira nojogo não é uma diversão inofensiva. O nível dos ruídos que atingem os ouvidos dos torcedores chega a uma média de 90 e tantos decibéis, e isso é o bastante para causar danos permanentes e aumentar a probabilidade de danos no futuro.

"Muitas pessoas estão lesionando os ouvidos por causa da exposição constante a ruídos e sua capacidade auditiva irá diminuir ao longo do tempo", afirmou M. Charles Liberman, professor da Faculdade de Medicina de Harvard.

Os ouvidos podem enganar. Mesmo quando eles parecem ter se recuperado da sensação de abafado, dos chiados e do entupimento depois de um jogo animado, eles não se recuperam de verdade. Não são apenas as pequenas células sensoriais cocleares que são danificadas pelo barulho, afirmou o Dr. Liberman, mas também as fibras nervosas entre os ouvidos e o cérebro que vão se deteriorando com o passar do tempo.

Barulho demais causa não apenas uma surdez parcial, mas todo o tipo de anormalidade auditiva. Entre elas, o tinido, ou zumbido no ouvido, e a hiperacusia, uma sensibilidade ou intolerância ao som, às vezes acompanhada por dor de ouvido.

Em alguns casos, "pacientes com hiperacusia não conseguem suportar uma conversa em tom normal com seus familiares, porque isso pode causar uma dor intensa que pode durar dias", afirmou Bryan Pollard, presidente do grupo sem fins lucrativos Hyperacusis Research. "Dores causadas por ruídos geram uma perda extrema da qualidade de vida."

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Os danos causados pelo excesso de barulho são cumulativos; é difícil separar os efeitos dos ruídos ouvidos ao longo da vida durante atividades de recreação, no ambiente de trabalho ou no dia a dia. Avaliar o risco também é complicado, com um misto imprevisível de volume, duração e suscetibilidade, que varia de pessoa para pessoa.

É difícil detectar uma perda sensorial, já que as pessoas não sabem quando não estão ouvindo. A perda de audição se torna cada vez pior.

Algumas pessoas com tinido relatam ouvir mais do que zunidos ou chiados – elas sofrem com ruídos multitonais, oscilantes e circulares dentro da cabeça, às vezes acompanhados por sensações de pressão. Não tem tratamento.

É fácil evitar os danos por meio do uso de protetores auriculares internos ou abafadores externos. Colocar os dedos no canais auditivos já é o bastante.

O Dr. Liberman compara o aumento no conhecimento sobre as consequências da perda auditiva com "o aumento na conscientização de que choques constantes contra a cabeça podem causar danos ao cérebro" entre os jogadores de futebol americano, o que pode levar à demência.

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"Não dá para perceber rapidamente", afirmou. "Você se esquece do que aconteceu, acha que está recuperado e volta a fazer a mesma coisa. Mas as mudanças no cérebro se acumulam."