Kelly Slater, Peter Mel e John John Florence (da esq. para a dir.) no Taiti; público acompanhou torneio de surfe pelo YouTube| Foto: Kirstin Scholtz/World Surf League

Em dezembro passado, quando Gabriel Medina, 21, lutava pelo título mundial de surfe na costa norte da ilha de Oahu, no Havaí, milhões de brasileiros estavam grudados na telinha —não a da televisão, mas a de tablets, laptops e celulares.

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Em média, mais de 6,2 milhões de pessoas se conectaram para assistir à disputa do Billabong Pipe Masters, em que o brasileiro Medina se sagrou campeão mundial. Mas nem um só minuto da competição foi transmitido ao vivo pela TV convencional.

“Foi difícil estabelecer uma relação direta com a TV”, disse Paul Speaker, executivo-chefe da Liga Mundial de Surfe.

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“Somos um esporte global —há sempre preocupação com o fuso horário— e precisamos esperar os ‘swells’ [as ondas adequadas]. Por isso não temos um horário para começar e um horário para terminar, como outros esportes.”

A bem-sucedida estratégia da Liga Mundial de Surfe de priorizar a transmissão do campeonato via internet está na vanguarda de uma transformação das transmissões esportivas.

À medida que mais espectadores migram para a internet e as audiências se tornar mais globais, aumenta o número de ligas profissionais que adotam o streaming para atrair jovens torcedores.

A pureza do modelo adotado pelo campeonato de surfe — que alcança milhões de espectadores sem ficar preso a contratos de exclusividade com canais abertos ou de TV paga— demonstra a força do público on-line para esportes grandes e pequenos.

“É o tal negócio: tem um monte de fãs por aí, mas eles não necessariamente estão reunidos em um só mercado de mídia para que faça sentido colocar esse evento esportivo na televisão”, explicou Matt McLernon, porta-voz do YouTube. “Mas, quando todo mundo pode assistir on-line, você abre um novo conceito.”

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Todas as grandes ligas esportivas já adotaram medidas similares. Nos Estados Unidos, a liga de hóquei fez uma parceria com a fábrica de câmeras GoPro para exibir os melhores momentos dos jogos em tempo real via Twitter e Facebook. A atual temporada da Associação de Golfe Profissional está experimentando algo semelhante com as GoPros e com o canal Skratch TV, transmitido via internet.

No entanto, as grandes ligas esportivas ainda mantêm contratos bilionários com as redes de TV tradicionais.

Já o surfe profissional adotou uma estratégia que prioriza a internet. O YouTube é o seu parceiro digital com exclusividade global. Dos acessos recebidos pelo canal, mais de 35% vieram de celulares.

“Nossa estratégia foi, desde o início, remover todos os sinais de ‘pare’ e transformá-los em tapetes de boas vindas”, disse Speaker. “O YouTube tem essa característica.”

A Liga Mundial de Surfe solidificou seu crescimento numa faixa etária crucial —mais de 67% do seu público tem de 25 a 44 anos.

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O Mundial de Surfe de 2014 bateu o recorde de audiência para esse evento, e a liga espera repetir o feito neste ano.

“Buscamos orientação e exemplo em outros esportes, mas, para nós, o streaming ao vivo é o básico”, disse Speaker.

“Eu acho que muita gente vai olhar para nós e dizer: ‘Como eles descobriram isso?’.”