Quando José Antonio Sevilla e seus três irmãos souberam que o notório traficante de drogas conhecido como “El Chapo” tinha escapado da prisão, gritaram de alegria. “El Chapo saiu! Ele é o maior!”, disse Sevilla, 19, fã confesso do chefão mafioso, cujo nome completo é Joaquín Guzmán Loera.
Sevilla, mecânico, ficou tão entusiasmado que participou de uma marcha comemorativa por Culiacán, a capital do Estado natal de Guzmán. Ele carregava uma placa que dizia “El Chapo é mais presidente que Peña Nieto”, referindo-se ao presidente do México, Enrique Peña Nieto.
No Estado de Sinaloa, a fuga do traficante em 11 de julho por um túnel sob a que deveria ser a prisão mais segura do país ressaltou sua posição de herói popular.
As autoridades dos Estados Unidos acusam Guzmán de contribuir para “a morte e a destruição de milhões de vidas em todo o mundo, por meio do vício em drogas, da violência e da corrupção”.
No entanto, para muitos mexicanos, ele é uma combinação de Robin Hood com bilionário, uma fonte de alegria, respeito e até reverência por sua capacidade de iludir o governo do país, profundamente impopular.
“Ele é como Al Capone”, disse Adrián Cabrera, blogueiro de Culiacán que usa uma camiseta preta com a imagem do Chapo. “É como Lucky Luciano, Tony Soprano ou o Scarface. Ele é como um personagem de um programa de televisão, só que está vivo, é real.”
Guzmán nasceu nos anos 1950 em uma área conhecida como Triângulo de Ouro, que hoje é a maior região de plantio de maconha no México. Ao longo dos anos, ele subiu nas fileiras dos bandos de traficantes mexicanos até que chegou a chefe do maior de todos, o cartel de Sinaloa.
A revista Forbes o incluiu em sua lista das pessoas mais ricas do mundo, com uma fortuna estimada em mais de US$ 1 bilhão.
Ele já escapou da prisão antes, segundo alguns relatos, escondido em um carrinho de roupa suja. Já sua fuga recente foi elaborada: passou por um túnel de cerca de 1,5 quilômetro de extensão, equipado com luzes e ventilação.
Muitos ao redor de Badiraguato dizem que Guzmán ajudava os moradores. Uma família com um membro doente poderia receber dinheiro para o tratamento, dizem eles, embora ninguém possa dar um exemplo específico.
Scarlett López, 22, que trabalha em uma empresa financeira em Culiacán, disse que, embora desaprove o tráfico de drogas que Guzmán praticava, ficou feliz por ele ter saído da prisão, porque isso significa que bandos ainda piores —como os Zetas, por exemplo, conhecidos por cortar a cabeça dos inimigos— terão menos probabilidade de se estabelecer no Estado. “Sinto-me melhor porque estamos protegidos”, disse ela.
Na capital do Estado há um santuário a um santo popular conhecido como Jesús Malverde, venerado pelos traficantes de drogas como um bandido que roubava dos ricos para dar aos pobres.
O governo ofereceu uma recompensa de cerca de US$ 3,8 milhões por informações que levem à captura de Guzmán, mas as pessoas que visitam o santuário dizem que não vão ajudar.
“Os traficantes de drogas fazem mais pelo povo do que o governo”, disse Eric Reyes, 33, engenheiro de sistemas da Cidade do México, que parou no santuário por curiosidade, durante as férias. “Se você vive no território de um traficante, ele o trata bem. O governo não faz nada por você.”
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