Cinco dias por semana, três horas por dia, Jonathan Nuñez pratica com um treinador de ginástica exercícios em barras e aros, no cavalo e no solo.
"Ele chega em casa e não está cansado", diz sua mãe, Yailin. "Ele salta e dá cambalhotas." Nas competições, Jonathan, 8, muitas vezes fica em primeiro ou segundo lugar.
"Ninguém diria que ele já passou por tanta coisa", disse a mãe.
Quando Jonathan era bebê, seu fígado começou a falhar. Quando tinha oito meses, seus pais assumiram o risco de uma operação incomum: ele sofreu um transplante, mas parte de seu fígado foi preservada, na esperança de que se recuperasse, de modo que o órgão do doador não fosse mais necessário. As drogas antirrejeição seriam suspensas e o sistema imunológico de Jonathan destruiria o transplante, deixando seu próprio fígado fazer o trabalho.
Jonathan ficaria livre dos medicamentos que os pacientes de transplante normalmente têm de tomar durante toda a vida.
O fígado de Jonathan se regenerou. O transplante desapareceu e o menino antes tão frágil hoje é uma máquina na ginástica.
O cirurgião de Jonathan, doutor Tomoaki Kato, do Hospital Infantil Presbiteriano Morgan Stanley, em Nova York, disse que poucas crianças que precisam de transplante de fígado são candidatas a esse procedimento.
Alguns cirurgiões temem a cirurgia porque ela é complexa, demorada e mais arriscada que um transplante padrão. E nem sempre dá certo: os fígados das crianças podem não se recuperar.
Mesmo assim, o doutor Kato acredita que os médicos deveriam realizar com maior frequência essa cirurgia chamada de transplante parcial ortotópico de fígado auxiliar e que ela deve ser considerada para crianças com menos de dez anos que precisem de transplante devido à falência aguda do fígado.
A perspectiva de uma vida sem drogas antirrejeição torna o procedimento digno de se considerar, disse ele. Essas drogas suprimem o sistema imune e podem aumentar o risco de infecções e outros problemas de saúde.
"Pode ser difícil convencer colegas a fazer algo diferente", disse o doutor Kato.
No entanto, a operação não funcionou bem em adultos e não é adequada para crianças com doença crônica do fígado, porque as cicatrizes podem impedir que o órgão volte a crescer.
Ao todo, o doutor Kato disse que realizou a cirurgia em 13 crianças, de três meses a oito anos. Em todos os casos menos um, o próprio fígado das crianças se recuperou. Se o fígado não se recuperar, a criança é tratada como qualquer paciente de transplante e as drogas antirrejeição são mantidas.
O fígado de Jonathan Nuñes demorou três anos para crescer de novo. O menino também teve algumas complicações no caminho.
O doutor Simon Horslen, diretor médico de transplantes de fígado e intestino no Hospital Infantil de Seattle, disse: "Sou um grande fã dessa técnica. Mas os pacientes nos quais se pode aplicá-la podem ser um em cada três, quatro ou cinco anos".
Os transplantes-padrão de fígado tornaram-se tão bem sucedidos, disse ele, que muitos cirurgiões relutam em correr riscos em uma operação complicada que não praticam com muita frequência.
Depois da recuperação de Jonathan, a única coisa que preocupava seus pais era que a causa de sua insuficiência hepática nunca foi determinada. Quando ele tinha cinco anos, receberam o diagnóstico: uma doença autoimune que afeta o fígado. Uma pequena quantidade de medicação diária a manteve sob controle.
A senhora Nuñez disse que não se arrepende da opção que ela e seu marido fizeram pelo filho. "Estávamos no lugar certo na hora certa", disse.
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