A certa altura, o Twitter e o resto da mídia social passaram a ser menos um meio de compartilhar notícias e mais uma vontade de ser a notícia.
Vejam Justin Bieber, por exemplo. Quando as reportagens sobre a recente prisão do astro pop começaram a circular pela web, reações inundaram o Twitter, variando de piadas a trocadilhos. Mas de longe o refrão mais comum era algo como: "Por que isso é notícia?"
A resposta mais simples é que não era pelo menos não a notícia mais importante daquele dia. Mas o Twitter não é realmente sobre a coisa mais importante deixou de se tratar de relevância há muito tempo.
O Twitter parece ter alcançado um ponto de virada, uma fase em que seus colaboradores pararam de tentar tornar o serviço o mais útil possível para a multidão e, em vez disso, tentam se distinguir uns dos outros. Tem menos que ver com flutuar na corrente, absorvendo o que for possível, e mais com tentar fazer a balsa mais vistosa para flutuar, acumulando fãs e elogios enquanto segue.
Como isso aconteceu? Como um antigo usuário do serviço que tem um público considerável, eu penso que o número de seguidores que você tem é muitas vezes irrelevante. O que importa, porém, é quantas pessoas o notam, seja por meio de um retuíte, favoritos ou o santo graal, um retuíte de alguém extremamente conhecido, como uma celebridade. Essa validação de que sua contribuição é importante, interessante ou válida é uma prova social suficiente para encorajar a repetição. Muitas vezes, o resultado é um esforço para ser o mais visto ou o mais retuitado e citado como a pessoa que capturou o evento mais incrível do dia e da maneira mais notável.
Parece que todos estamos tentando ser um convidado esperto em um programa de entrevistas na televisão fazendo a melhor apresentação de nossa vida. Acreditamos na ideia de que, se formos bons o suficiente, poderá ser nossa passagem para o sucesso, dando-nos um lugar temporário em uma série de sites populares como BuzzFeed e The Huffington Post, ou no máximo um contrato para escrever. Mas, com frequência, isso significa subir em uma caixote coletivo, dando cotoveladas para abrir espaço, na esperança de receber crédito por apresentar a reação mais inteligente.
Dizer que o serviço não é mais relevante ou informado parece impreciso ainda passo grande parte do meu dia debruçada sobre o Twitter, pegando os melhores links, ideias, citações e dicas para examinar e compartilhar mais tarde mas ele é menos informado (e informativo) do que costumava ser. Cada vez mais, eu me encontro recuando para grupos menores, onde as pessoas são mais francas, têm mais liberdade para brincar, são mais confiantes e abertas à conversa real.
O Twitter já pareceu mais uma agência de notícias elétrica, com reportagens chegando do mundo inteiro, sobre lugares, coisas, experiências e pessoas, e eu ainda quero que ele seja esse mesmo lugar. Ainda pode parecer isso, especialmente durante grandes acontecimentos noticiosos que ocorrem em tempo real. É quando o Twitter brilha, quando estamos todos compartilhando e devorando cada nova informação oferecida por fontes em campo, âncoras de noticiários, testemunhas oculares, comentaristas sérios. Mas a satisfação desses momentos pode ter nos condicionado a tratar até o menor incidente como algo que vale a pena dissecar, regurgitar e examinar até a morte. Estamos todos pairando, esperando por nossa chance de falar e de acrescentar algo inteligente à conversa, mesmo quando seria melhor não dizermos muita coisa, afinal.
O Twitter começa a parecer menos excitante do que exaustivo. Pode ser porque formas menos públicas de comunicação aplicativos de mensagens como Snapchat, GroupMe, Instagram Direct e até os antigos grupos de e-mail e do Google estão tendo um papel cada vez maior nas interações mais significativas durante meu dia on-line.
O Twitter demonstrou uma inclinação a tentar ajudar seus usuários a peneirar o fluxo de informações para encontrar o que é melhor para eles. Na nova versão do aplicativo para celular, o Twitter oferece notificações quando as pessoas que você segue começam a conversar sobre um determinado tema, um avanço útil. Mas o Twitter tem outros objetivos em mente, como transformar-se em uma plataforma de amigos para comércio eletrônico e outras iniciativas destinadas a fazer dele em um serviço altamente lucrativo.
Mas mesmo que a empresa desse a sua comunidade algo além de listas do Twitter e botões de bloquear ou não seguir para ajudar os usuários a modelar seus feeds, provavelmente não seria suficiente. Nós, usuários, produtores, consumidores toda a nossa energia maníaca, desejando ser notada, reconhecida por uma contribuição importante à conversa somos o problema. O Twitter é alimentado por nossa necessidade crescente de atenção, validação, através de curtidos, favoritos, respostas, interações. É um ciclo de retroalimentação que não pode ser fechado, pelo menos não por enquanto.