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 | Jason Holley
| Foto: Jason Holley

Estamos avançando pela era geológica Antropoceno, na qual deverá ocorrer a sexta extinção em massa na história do planeta. Um estudo recente publicado no periódico "Science" concluiu que as espécies existentes no mundo hoje estão desaparecendo em uma velocidade mil vezes maior que o ritmo natural de extinção. Segundo pesquisadores, em 2100, entre um terço e metade de todas as espécies da Terra poderá ser extinto.

Em consequência disso, está havendo um aumento nos esforços para proteger espécies, e governos, cientistas e organizações sem fins lucrativos tentam construir uma versão moderna da Arca de Noé. A nova arca certamente não terá a forma de um grande barco, e sim de uma série de medidas, incluindo migração assistida, bancos de sementes, novas reservas ecológicas e corredores de deslocamento baseados nos possíveis lugares para onde as espécies irão migrar.

As questões envolvidas são complexas. Que espécies deverão ser salvas? Aquelas mais ameaçadas de extinção ou as que têm maior chance de sobreviver? Animais carismáticos, como leões, ursos e elefantes, ou os mais úteis para nós?

Formada em 2012 pelos governos de 121 países, a Plataforma Intergovernamental de Serviços de Biodiversidade e Ecossistemas é uma iniciativa que visa proteger e restaurar espécies em áreas selvagens e resgatar outras, a exemplo das abelhas, que desempenham funções vitais para os ecossistemas habitados por humanos. Cerca de três quartos da produção mundial de alimentos dependem basicamente das abelhas.

"Ainda sabemos muito pouco sobre o que poderá ou deverá ser incluído na arca e onde", afirmou Walter Jetz, ecologista da universidade Yale que está envolvido no projeto.

Embora a abordagem tradicional para proteger espécies seja adquirir terras, a preservação do habitat correto pode ser uma medida desejável, pois não se sabe como as espécies reagirão a um clima diferente. Uma iniciativa com financiamento coletivo chamada Centro de Informações sobre Biodiversidade Global identifica e faz a curadoria de dados sobre biodiversidade —como fotos de espécies feitas com smartphones— para mostrar sua distribuição e depois disponibiliza as informações na internet.

Isso é muito útil para pesquisadores em países em desenvolvimento que dispõem de orçamentos limitados. Por sua vez, o projeto Lifemapper, do Instituto de Biodiversidade da Universidade do Kansas, usa os dados para entender para onde uma espécie poderá se mudar se seu habitat for alterado.

"Sabemos que as espécies não resistem muito tempo em áreas fragmentadas, então tentamos reagrupar esses fragmentos", explicou Stuart L. Pimm, diretor da organização sem fins lucrativos SavingSpecies.

Um dos projetos dessa organização nos Andes colombianos identificou uma floresta na qual há um mamífero carnívoro chamado olinguito, que tem traços de gato doméstico e ursinho de pelúcia, até então desconhecido pela ciência. Usando dados de diversas fontes, "trabalhamos com grupos conservacionistas locais e os ajudamos a comprar terras, a reflorestá-las e a reagrupar seus pedaços", disse o doutor Pimm.

Biólogos na Flórida, onde o nível do mar está subindo assustadoramente, estão desenvolvendo um plano para montar uma reserva no interior para diversos animais, desde o passarinho da espécie Ammodramus maritimus macgillivraii ao pequeno veado-de-cauda-branca. Para impedir a chamada "pressão costeira", está prevista uma rede de "corredores verdes migratórios" para que as espécies se mudem por conta própria para o novo habitat.

"Algumas, porém, estão basicamente sem saída", comentou Reed F. Noss, professor na Universidade Central da Flórida que está envolvido nesse projeto, e provavelmente terão de ser conduzidas para o novo hábitat.

Pesquisadores também estão focados em "refúgios", regiões pelo mundo que se mantiveram estáveis em mudanças climáticas anteriores e podem ser a melhor aposta para a sobrevivência nesta nova era geológica.

Um refúgio de 100 hectares no rio Little Cahaba, no Alabama, tem sido apontado como um mundo botânico perdido devido à sua ampla variedade de plantas, incluindo oito espécies só encontradas nesse lugar. O doutor Noss disse que é preciso descobrir e proteger áreas com essas características.

O Banco Mundial de Sementes de Svalbard, sob o permafrost em uma ilha no oceano Ártico ao largo da Noruega, preserva sementes de culturas agrícolas destinadas à alimentação. Zoológicos congelados guardam o material genético de animais extintos ou ameaçados de extinção.

A bióloga e conservacionista Connie Barlow está trabalhando na região oeste dos Estados Unidos. "Ajudei na migração do junípero-jacaré do Novo México plantando sementes dele no Colorado", disse ela. "É preciso fazer isso, pois a mudança climática está muito acelerada e as árvores não conseguem se deslocar."

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