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 | Adriana Zehbrauskas para The New York Times
| Foto: Adriana Zehbrauskas para The New York Times
  • No topo, a partir da esquerda, obra com painéis de Eduardo Terrazas no novo Museo Jumex, na Cidade do México. Acima, instalação de Damián Ortega em um pátio externo

Fiéis se aglomeram no templo da Virgem de Guadalupe para ver sua imagem milagrosa. Peregrinos seculares à caça de santos lotam a Casa Azul, lar de Frida Kahlo. Todo turista faz uma parada no Museu Nacional de Antropologia, com suas esculturas arrepiantes de deuses astecas.

Por outro lado, relativamente poucas pessoas visitam os muitos museus de arte contemporânea da Cidade do México.

Entretanto, com a recente inauguração do Museo Jumex, ao menos uma instituição pode encontrar um lugar na rota seguida por profissionais da arte – curadores, colecionadores, negociadores – que ritualmente viajam o planeta, visitando somente bienais e feiras de arte. Essa parece ser a esperança de Eugenio López, herdeiro do império de suco de frutas do Grupo Jumex, que concebeu o Jumex como um museu particular de ambições internacionalistas – mas com um estilo próprio.

López começou a colecionar há duas décadas, comprando obras da década de 1960, em seguida se concentrando em trabalhos mexicanos e internacionais de sua própria geração, os anos 1990, quando a Cidade do México fervilhava com jovens artistas. Sua coleção de mais de 2.700 obras é considerada a maior de seu tipo na América Latina. Em 2001, ele criou um espaço de exposição no complexo de fábricas da Jumex, no subúrbio de Ecatepec de Morelos, mas com localização distante e rígidas precauções de segurança – as visitas precisam ser agendadas –, aquela Galeria Jumex atraiu um público pequeno. O novo Museo Jumex, contudo, está no centro da cidade, aberto durante horas e com uma infraestrutura para receber muita gente.

Projetado pelo arquiteto britânico David Chipperfield, a construção de três andares é um bloco simples de travertino claro, sem ornamentos além de um formato de onda de dente de serra no topo. Ele é visualmente ofuscado pelo Museo Soumaya, inaugurado em 2011 pelo bilionário mexicano Carlos Slim Helú para expor sua própria coleção, uma miscelânea de arte europeia da Renascença a Rodin, além de obras mexicanas.

As exposições inaugurais do Jumex sustentam a impressão moderada do edifício.

"A Place in Two Dimensions: A Selection from Colección Jumex + Fred Sandback" inclui sete esculturas de Sandback, um conceitualista-minimalista de Nova York que morreu em 2003, intercaladas com cerca de 50 itens do Jumex.

A obra de Sandback é formada por fios coloridos esticados entre paredes, o teto e o chão para traçar formas geométricas e demarcar espaço. De certa forma, toda a apresentação opera em "menos é mais".

Dos 50 artistas na mostra, apenas 10 são mexicanos. Todavia, essa pequena seleção brilha. Alguns artistas, como o influente Gabriel Orozco, cuja peça central é "Mesa de Bilhar Oval", de arte interativa, e Damián Ortega, que possui uma instalação cinética no pátio do museu, são conhecidos internacionalmente. Outros – Eduardo Terrazas, Minerva Cuevas, Teresa Margolles – não são, mas deveriam ser.

O outro grande evento inaugural, "James Lee Byars: 1/2 an Autobiography", de início parece uma escolha curiosa. Byars, que morreu em 1997, não tinha ligação com o México, e nos Estados Unidos, ele sempre foi considerado um dissidente.

A exposição é bem discreta, com pinturas à tinta, cartas e dobraduras inspiradas em origamis.

No entanto, as apresentações de Byars, como se sabe a partir de fotos, vídeos e adereços sobreviventes, tinham certa grandeza barroca. Resta saber como isso apelará a um público da Cidade do México.

A questão do público alvo – local, global, ambos? – é uma dúvida de identidade institucional, algo que muitos museus pequenos de fora do circuito internacional (mas com ambições de entrar) precisam pesar cuidadosamente.

Será interessante ver como o Jumex se desenvolve. Já parece que ele possui um sentido experimental de si mesmo. Se ele der mais atenção a artistas locais, que sempre serão seu público mais dedicado; e se ele conseguir pensar de forma séria e imaginativa com a coleção que possui, independente de sua qualidade, em vez de procurar atualizações extravagantes; e se ele conseguir se posicionar no contexto da política mundial em vez da política do mundo da arte, ele poderá ser um modelo para o futuro, um lugar onde o cosmopolita e o provinciano se encontram.

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