• Carregando...
Veteranos norte-americanos dizem que foram bem-recebidos pelos vietnamitas. Larry Vetter, fuzileiro naval norte-americano, com Nguyen Tien, no centro, que perdeu uma perna por causa da artilharia dos EUA | Christian Berg /The New York Times
Veteranos norte-americanos dizem que foram bem-recebidos pelos vietnamitas. Larry Vetter, fuzileiro naval norte-americano, com Nguyen Tien, no centro, que perdeu uma perna por causa da artilharia dos EUA| Foto: Christian Berg /The New York Times

Os veteranos de guerra norte-americanos e vietnamitas, antes inimigos, se sentaram juntos às mesas de piquenique, comendo hambúrgueres com chili, com o som do Creedence Clearwater Revival ao fundo.

Do Hung Luan, ex-vietcongue preso e torturado durante nove anos pelos vietnamitas do sul, aliados dos EUA, comeu o sanduíche e as asinhas de frango com hashi.

Ao seu lado estava Nguyen Tien, cuja perna de madeira substitui a que perdeu para a artilharia norte-americana durante a guerra. “Dá para sentir que o clima é de amizade. Fechamos a porta para o passado”, diz ele.

A festa que comemorou o Dia da Independência dos EUA foi organizada pelo texano Larry Vetter, fuzileiro aposentado que chegou, há três anos, para viver entre as pessoas que já foi instruído a matar.

“Todo mundo é tão simpático! É quase inacreditável a forma como aceitam os norte-americanos”, afirma Vetter.

Vietnã e os EUA fizeram as pazes tão rápido que até os arquitetos da reconciliação se espantaram.

Segundo as autoridades, a geopolítica que os une é consequência do poder cada vez maior da China e o desejo de cultivarem uma aliança para equilibrar as forças regionais.

Nos anos que se seguiram ao fim da guerra, a desconfiança entre as duas nações era grande, mas ambas conseguiram superar várias questões espinhosas. O Vietnã hoje conta com uma sociedade que adotou o capitalismo com entusiasmo; os vietnamitas, aliás, ajudaram na busca e repatriação dos restos mortais dos norte-americanos mortos ou desaparecidos na guerra. Há três anos, os EUA iniciaram um programa para mitigar os efeitos do Agente Laranja, o desfolhante responsável por problemas congênitos e outras doenças.

A amizade entre os dois países cresceu, em parte, graças à interação entre os povos: investidores, veteranos de guerra e turistas norte-americanos rumo ao Vietnã; vietnamitas que fugiram para os EUA após a guerra e voltaram para casa para abrir todo tipo de negócios; estudantes vietnamitas indo em massa para os Estados Unidos.

Os norte-americanos que moram no Vietnã dizem que sempre se surpreendem com o calor e o entusiasmo da recepção vietnamita.

“Quando descobrem que sou veterano, me convidam para jantar. O vilarejo inteiro aparece – e você vira o convidado de honra”, explica David Clark, fuzileiro aposentado que se mudou para Da Nang em 2007.

E ele não é o único; segundo Vetter, há mais ou menos uns doze, todos muito ativos em questões beneficentes. Ele mesmo afirma doar US$300/mês para dois irmãos paraplégicos cuja deficiência pode ter sido causada pela exposição dos pais ao Agente Laranja.

Chuck Palazzo, outro fuzileiro aposentado que se mudou para o Vietnã há oito anos, abriu uma empresa de software aqui e lidera a iniciativa de construir uma casa de repouso para cinco mil vítimas do Agente Laranja.

“Aprendi a perdoar com os vietnamitas — e também a olhar para frente, para o futuro”, conta Palazzo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]