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“Eu não serei a santa padroeira dos comilões. Eu traço o limite. | Damon Winter/The New York Times
“Eu não serei a santa padroeira dos comilões. Eu traço o limite.| Foto: Damon Winter/The New York Times

“Talvez seja chocante para uma atriz admitir que está acima do peso”, disse Candice Bergen sobre a reação dos tabloides a “A Fine Romance” [Um Belo Romance], sua nova memória em que ela escreve que está gorda e realmente não se importa.

O que a deixa perplexa é que, das 350 páginas, seja o capítulo 30 —(“Eu vivia para comer”, escreve ela. “Nenhum carboidrato é seguro —e nenhuma gordura tampouco.”)— o que mais chamou a atenção.

Bergen, 69, está à vontade com os 13 quilos que ganhou. Mas, “não vou ser a santa padroeira dos comilões, fique sabendo”, disse ela. “Eu traço o limite.”

O físico de Bergen é a parte menos interessante da autobiografia, em que ela mistura 35 anos de casos amorosos —com seu primeiro marido, o diretor francês Louis Malle; sua filha, Chloe; e seu segundo marido, o empresário dos imóveis Marshall Rose. Ela também explica a paixão dos Estados Unidos pelo programa de televisão “Murphy Brown”, que estrelou durante dez anos como uma repórter de TV durona.

Mas a história realmente começa em 27 de setembro de 1980, quando Bergen, que levou sua mistura embriagante de calor da Califórnia com frieza escandinava para “O Grupo”, de Sidney Lumet, e “Ânsia de Amar”, de Mike Nichols, casou-se com Malle, o autor de “Meu Jantar com André” e “Adeus, Meninos”, em Le Coual, a casa dele na França.

Era o segundo casamento do diretor e o primeiro da atriz. “Nós dois achamos que era um milagre”, escreveu ela.

Eles se encontraram socialmente durante quatro anos. Então Malle telefonou para Bergen de Toronto e a convidou para almoçar em Nova York. Após quatro horas de encontro, eles estavam mutuamente fascinados.

Duas semanas depois, foram assistir “Manon Lescaut”, a ópera de Puccini sobre uma bela fatal dividida entre o amor e o dinheiro. “Naquela noite eu escrevi em meu diário: ‘Xi...’”, lembra Bergen. “Estávamos entendidos. Nós sabíamos o que havia ali.”

Ela estava com 34 anos e ele com 47 quando trocaram os votos. Nos cinco anos seguintes, o casal dividiu seu tempo entre Nova York, a França e as locações de filmes, devorando óperas, museus e catedrais no que Bergen chamou de “clínica cultural”. Então duas mulheres interromperam seu sonho. A primeira foi Chloe, nascida em 8 de novembro de 1985, quando Bergen tinha 39 anos. A segunda, nascida três anos depois, foi Murphy Brown.

Bergen tinha 41 quando recebeu o script. O papel parecia criado especialmente para ela.

“Bergen não estava em nenhuma lista de atrizes para o papel”, disse Diane English, criadora de “Murphy Brown”. “Mas assim que seu nome foi citado eu pensei: ‘Puxa, ela caberia muito bem, se quisesse fazer’.”

No piloto de novembro de 1988, Bergen cantou —com ousadia e fora do tom— com Aretha Franklin em “(You Make Me Feel Like) A Natural Woman”, e nasceu um sucesso.

Então o vice-presidente dos EUA Dan Quayle, em um discurso em 1992, repreendeu a decisão de Murphy de ser uma mãe solteira e a acusou de zombar da importância dos pais —colocando Murphy nas manchetes e deixando Bergen e English chocadas.

“É como ‘Você pode ter tudo. Bem, você não pode realmente. O preço é seu filho ou seu emprego ou seu marido. Quando estavam escrevendo os scripts de Murphy, eu lutei muito para que ela não parecesse alguém cujo filho é a segunda prioridade em sua vida, depois da profissão.”

Em novembro de 1995, Malle morreu de um linfoma. Três anos depois, Bergen teve um encontro às cegas com Rose, que ela descreveu como capaz de grandes profundidades de amor e incapaz de desonestidade. Os dois se casaram em 2000.

Bergen lutou para encontrar um final que pudesse fazer as paixões de sua vida fecharem um círculo na página. Em julho ela voltará a Le Coual, na França, para ver Chloe se casar com Graham Albert.

“Haverá drinques no campo, jantar no jardim e dança no celeiro”, disse ela. “Eu vou espiar do canto por algum tempo.”

Ela não dança? “Oh, eu adoro dançar. Mas não quero incomodar as crianças”, disse, rindo.

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