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Vinhos caros caem no gosto de asiáticos ricos

Visitantes da China continental fazem compras em Hong Kong, que em 2008 aboliu os impostos sobre o vinho | Dean C.K. Cox PARA The New York Times
Visitantes da China continental fazem compras em Hong Kong, que em 2008 aboliu os impostos sobre o vinho (Foto: Dean C.K. Cox PARA The New York Times)

Um comprador asiático arrematou seis garrafas de Borgonha Romanée-Conti, ano 1990, por HK$ 980 mil (US$ 126.345) num leilão da casa Christie’s em Hong Kong, em março deste ano.

Uma caixa de vinho do vinhedo Cros Parantoux, na Borgonha (França), foi vendido por US$ 82.333 num leilão promovido pela casa americana Acker Merrall & Condit num restaurante com vista para o porto de Hong Kong.

Os vinhos finos têm preços altos na Ásia, mas não faltam compradores. Os consumidores asiáticos são fatores importantes no mercado global do produto. No ano passado, a China ultrapassou a França e a Itália para tornar-se a maior consumidora mundial de vinho tinto.

"Hoje há muito mais amantes do vinho na Ásia, e eles andam tomando uma gama muito maior de vinhos", falou Simon Tam, diretor de vinhos na Christie’s China, falando do leilão recente promovido pela casa. "O mercado está amadurecendo muito rápido."

Os asiáticos tradicionalmente consomem mais uísque, conhaque e bebidas destiladas locais, como o baijiu, feito de grãos, que vinho.

Mas o aumento da riqueza, o hábito de dar presentes e a busca constante por novos tipos de investimento converteram os asiáticos ricos em ávidos compradores de vinhos da mais alta qualidade.

Hong Kong, que dez anos atrás praticamente não constava do cenário vinícola internacional, tornou-se centro importante do comércio de vinhos desde que os impostos sobre o produto foram abolidos, em 2008.

Mesmo em Cingapura, onde os impostos elevam consideravelmente o preço da garrafa, a empresa de logística CWT está gastando 200 milhões de dólares de Cingapura (R$ 349,1 milhões) para construir um depósito de vinhos de alta categoria que poderá armazenar 10 milhões de garrafas em um ambiente com ar condicionado e umidade e luz controladas.

"Para os asiáticos, curtir vinhos como um luxo é uma questão de prestígio", explicou Robert Sleigh, diretor do departamento de vinho da Sotheby’s na Ásia. "Eles se dispõem a pagar preços altos por vinhos que vêm diretamente do vinhedo, e dão muita importância à aparência da garrafa."

O mercado está em ligeira baixa devido à desaceleração de algumas economias asiáticas e à determinação de Pequim de restringir os gastos exagerados de algumas autoridades.

De acordo com Tam, os preços médios dos vinhos nos leilões da Christie’s em Hong Kong estão entre 30 mil e 60 mil dólares de Hong Kong (R$ 8.530 e R$ 17.083), sendo que em 2010 variavam entre 150 mil e 200 mil dólares de Hong Kong (R$ 42.650 e R$ 56.870).

Nos primeiros anos do boom, os compradores focavam sua atenção sobre apenas algumas dúzias de nomes notáveis, mas hoje estão comprando uma variedade maior de vinhos.

A tendência reflete o que vem acontecendo no setor dos artigos de luxo, onde a fidelidade inicial às grifes mais famosas começou a diminuir, à medida que os consumidores ganham confiança e desenvolvem seus gostos individuais.

Reagindo à evolução acelerada dos apetites dos asiáticos, os varejistas e os restaurantes mais sofisticados ampliam suas cartas de vinhos e dotam-se de funcionários treinados na seleção das garrafas.

Desde que se interessou por vinhos, Calvin Tan já fez dois cursos para aprofundar seus conhecimentos do assunto. Um deles foi em uma academia francesa, L’École du Vin de France, que abriu uma representação em Hong Kong em 2011.

"Eu precisava de um hobby. Gosto de beber e comer bem, então este hobby é perfeito", ele comentou. Tan trabalha para um banco em Hong Kong e não está à procura dos vinhos mais caros e famosos. O vinho mais caro que já tomou custou cerca de 800 dólares de Hong Kong (R$ 227).

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