Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Ditadura sandinista

Nicarágua aprova reforma migratória que impede opositores expulsos por Ortega de retornar ao país

Nicarágua aprova reforma migratória que impede opositores expulsos por Ortega de retornar ao país
O líder do socialista da Nicarágua, o ditador Daniel Ortega e sua esposa, a segunda no comando, Rosario Murillo (Foto: EFE/Jorge Torres)

Ouça este conteúdo

A Assembleia Nacional da Nicarágua, parlamento do país controlado pelo regime de Daniel Ortega, aprovou nesta quinta-feira (28) uma reforma migratória que reforça o controle sobre o ingresso e saída do território nacional. A nova legislação permite negar a entrada de qualquer pessoa, incluindo cidadãos nicaraguenses, considerada uma ameaça à “soberania nacional” ou que represente um “risco social”.

Além disso, a reforma adiciona ao Código Penal penas de dois a seis anos de prisão para quem cruzar as fronteiras de forma irregular com objetivos que, segundo o regime sandinista, possam “comprometer a integridade, a independência ou a paz da nação”. A penalidade pode ser ampliada em um terço se houver alegações de “traição”, conforme o artigo 409 do Código Penal.

Controle rígido e restrições a nicaraguenses

A medida legaliza práticas que já vinham sendo realizadas de forma arbitrária pelo regime de Ortega, como negar o retorno de cidadãos, principalmente opositores, ao país. O próprio Ortega defendeu a proposta, afirmando no texto que “é uma decisão soberana do Estado da Nicarágua, por meio da Direção Geral de Migração e Estrangeiros, autorizar ou negar a entrada, revogar a permanência, cancelar a residência ou a nacionalidade nicaraguense adquirida”, afirmou Ortega no projeto”.

Empresas de transporte internacional também são afetadas. A nova lei exige que essas companhias sejam responsáveis por arcar com os custos de retorno de passageiros proibidos de entrar no país.

A reforma também formaliza a perda da nacionalidade de cidadãos condenados por “traição” ou atividades que, na visão do regime, atentem contra a “soberania” do país. Segundo o texto, esses atos podem incluir apoio a movimentos internos ou externos de oposição.

A ONG Colectivo Nicaragua Nunca Más, que documenta violações de direitos humanos cometidos pelo regime sandinista, criticou a medida. Segundo a ONG, atualmente existem mais de 100 casos de opositores que tiveram sua nacionalidade retirada por Ortega e estão impedidos de voltar ao seu país natal simplesmente por se manifestar contra a ditadura de Manágua. Entre os afetados estão líderes religiosos, jornalistas, defensores de direitos humanos e políticos da oposição, que já não pode mais atuar no país.

Organizações de direitos humanos, como a Anistia Internacional, já condenaram essas ações de Ortega, afirmando que a privação arbitrária de nacionalidade coloca os indivíduos em situação de extrema vulnerabilidade. Em 2023, a organização denunciou que o regime nicaraguense, ao retirar a nacionalidade de mais de 300 pessoas, as torna ainda mais suscetíveis a violações de direitos, dificultando o acesso a saúde, educação e liberdade de movimento.

Escalada autoritária

Nos últimos anos, o regime de Ortega tem intensificado sua repressão contra opositores. Desde 2018, quando a ditadura vem sendo acusada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) de cometer crimes de lesa-humanidade. Segundo ONGs de direitos humanos, a máquina estatal tem sido usada para perseguir dissidentes, com relatos de prisões arbitrárias, tortura e até mesmo assassinatos.

A recente reforma migratória é mais um capítulo na escalada autoritária do regime sandinista, que busca consolidar ainda mais o controle sobre a população e silenciar vozes contrárias a Ortega. Para muitos, trata-se de uma ferramenta para legitimar a perseguição aos exilados políticos e garantir a perpetuação do ditador sandinista no poder.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.