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A Polícia Nacional da Nicarágua destacou cerca de 4 mil agentes, o correspondente a 23% do efetivo da corporação, para impedir procissões em paróquias do país e registrar fotos e vídeos dos católicos durante a Semana Santa.
A denúncia foi feita pela advogada Marta Patrícia Molina, que investiga a repressão contra os cristãos na Nicarágua.
“Em alguns templos, chegaram dois policiais e, em outros, até três vans cheias de policiais. Tiraram fotos e vídeos das pessoas entrando e saindo”, disse Molina, em declarações publicadas pelo jornal Confidencial.
“Fazem isso para intimidar, mas também para garantir que não haja protestos, algo sem sentido, porque as pessoas vêm para pagar as suas promessas e viver a Semana Santa com fé. Elas não estão pensando em organizar protestos. E [os policiais] também fazem isso para impedir a saída das procissões”, acrescentou a advogada.
Na semana passada, Molina havia afirmado que a ditadura de Daniel Ortega já proibiu 4,8 mil procissões da Quaresma e da Semana Santa deste ano.
Segundo a advogada, essa repressão está obrigando a grande maioria das paróquias a realizar procissões “intramuros” e/ou outras atividades religiosas, como rezar o terço ou acender velas para imagens.
A ditadura da Nicarágua persegue os cristãos, com prisões, expulsões do país, restrições de atividades e confisco de propriedades, porque estes ajudaram manifestantes reprimidos pelo regime sandinista durante os protestos de 2018. Além disso, religiosos como o bispo Rolando Álvarez defenderam a volta da democracia ao país centro-americano.