A polícia da Nicarágua, sob o comando do regime de Daniel Ortega, expulsou de sua residência na capital do país, Manágua, uma idosa de 93 anos, identificada como Rafaela Cerda, por ser mãe do ex-juiz Rafael Solís Cerda, que renunciou à Corte Suprema de Justiça (CSJ) em 2019, quando se tornou um opositor de Ortega e se exilou na Costa Rica.
Segundo informações de sites nicaraguenses de notícias independentes como o La Prensa e o El Confidencial, fontes próximas à família de Cerda disseram que os policiais do regime sandinista chegaram ao local alegando que estavam cumprindo uma ordem de confisco e obrigaram a idosa de 93 anos a sair de sua residência apenas com as roupas que vestia, sem poder levar nem mesmo os seus remédios. Os sites independentes afirmam que a ação do regime de Ortega ocorreu na noite desta terça-feira (27).
Além da casa de Rafaela Cerda, a polícia do regime sandinista também confiscou uma propriedade comercial de sua filha, identificada como Isabella Solís Cerda, e invadiu as casas de uma outra filha e de um sobrinho do ex-juiz.
Rafael Solís Cerda foi um dos magistrados mais próximos de Ortega, responsável por eliminar, em 2009, por meio de uma sentença proferida na Sala Constitucional, que integrava como parte da bancada do Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) na CSJ, os limites da reeleição e mandatos presidenciais, decisão que validou a permanência de Ortega no poder.
Em janeiro de 2019, ele rompeu com o regime sandinista e denunciou o estado de terror que o mesmo estava impondo à população, lamentando também sua decisão de 2009. Em fevereiro de 2023, ele foi declarado como um “traidor da pátria” pelo regime de Ortega e teve sua nacionalidade e seus bens confiscados, junto com outras 93 pessoas.
Segundo o El Confidencial, essa não é a primeira vez que a polícia de Ortega ataca os bens da família de Rafael Solís Cerda. Em janeiro deste ano, eles tomaram posse de um hotel de 15 quartos, chamado Casablanca, que pertencia à sua mãe, expulsa de casa nesta terça, que funcionava há mais de 20 anos no país, assim como outras duas casas que pertencia aos membros da família Cerda.
Os confiscos estão sendo colocados em prática como parte da repressão perpetrada pelo regime de Ortega contra seus opositores que estão exilados, denuncia a mídia independente nicaraguense. Segundo as mesmas, a polícia age sem apresentar documentos ou ordens judiciais que respaldem suas ações, e ignora que muitas das propriedades confiscadas não pertencem aos acusados, mas a seus familiares, que não têm envolvimento político.