O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, autorizou a entrada de um número indeterminado de tropas, navios e aeronaves das Forças Armadas da Rússia para participar de operações “contra atividades ilícitas” no Mar do Caribe e no litoral nicaraguense no oceano Pacífico.
Outra medida aprovada por Ortega foi a entrada, de forma rotativa, de 80 militares russos na Nicarágua para participar, com membros do Comando de Operações Especiais do Exército do país centro-americano, de “uma troca de experiências e exercícios de treinamento em operações de ajuda humanitária”.
O ditador nicaraguense autorizou, ainda, a entrada de outros 50 militares russos, também em regime rotativo, para participar com membros da Força Naval, Força Aérea e Corpo de Transmissões “de uma troca de experiências e comunicação operacional com navios e aeronaves das Forças Armadas nicaraguenses em tarefas de confronto e combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado transnacional”.
Os militares, navios e aeronaves russos ficarão na Nicarágua de 1º de julho a 31 de dezembro deste ano, de acordo com o decreto presidencial.
Além disso, Ortega autorizou o embarque rumo à Rússia de 50 militares do país, em regime rotativo, “para participar de exercícios de intercâmbio e instrução militar e treinamento em operações de ajuda humanitária” no mesmo período.
A Rússia é uma aliada de longa data da Nicarágua. Durante o primeiro regime sandinista (1979-1990), a União Soviética forneceu armamentos às Forças Armadas nicaraguenses.
A Nicarágua é um dos poucos países, junto com a Venezuela e os pequenos Estados insulares de Nauru e Tuvalu, que se uniram à Rússia para reconhecer a independência das regiões separatistas georgianas da Abecásia e da Ossétia do Sul, e tem recebido funcionários governamentais russos desde o início da guerra na Ucrânia.
Além disso, no final de 2020, a Nicarágua estabeleceu um consulado na península da Crimeia, um território ucraniano anexado pela Rússia, o que provocou protestos da Ucrânia.
México e Venezuela
No mesmo decreto presidencial, Ortega autorizou por seis meses, a partir de julho, a entrada em território nacional de pessoal, navios e aeronaves das Forças Armadas da Venezuela, que vão desempenhar as mesmas funções que as da Rússia. Ele também autorizou a entrada de militares de Cuba e do México, que participarão com soldados nicaraguenses em “intercâmbios e trabalho humanitário”.
Em relação aos Estados Unidos, o líder sandinista autorizou a entrada de militares - sem especificar quantos - e, ao contrário das outras forças armadas, sua presença será “previamente planejada e coordenada com o Exército nicaraguense”.
O objetivo, segundo o ditador, é que os militares norte-americanos atraquem nos portos e desembarquem nos aeroportos nacionais a fim de realizar “operações de ajuda humanitária e missões de busca, resgate e salvamento em situações de emergência ou desastres naturais, por ar, mar e terra”.