A família do nigeriano que tentou explodir um avião norte-americano disse na segunda-feira que havia perdido contato com ele na época em que o homem estudava no exterior, e que há dois anos informou as autoridades sobre seu desaparecimento.
Umar Farouk Abdulmutallab, 23 anos, foi indiciado no sábado nos EUA por tentar detonar um explosivo no voo 253 da Northwest Airlines, que se aproximava de Detroit proveniente de Amsterdã com quase 300 pessoas a bordo.
"O pai dele, tendo ficado preocupado com sua desaparição e a interrupção das comunicações durante sua escolarização no exterior, reportou o assunto às agências nigerianas de segurança há cerca de dois meses, e a algumas agências estrangeiras de segurança há cerca de um mês e meio", disse a família Mutallab em nota.
"O desaparecimento e o corte das comunicações que preocuparam a mãe e o pai dele (...) são completamente fora do caráter (do suspeito) e são um fato muito recente", disse a nota, enviada à imprensa nigeriana.
Parentes disseram à imprensa local que o pai do suspeito estava desconfortável com as "opiniões religiosas extremas" do filho, e por isso havia avisado a embaixada dos EUA em Abuja, capital da Nigéria, além de agências de segurança.
O pai de Abdulmutallab é um respeitado ex-diretor de banco, e o suspeito teve criação privilegiada para os padrões de um país, o mais populoso da África, onde a maioria dos cerca de 140 milhões de habitantes sobrevive com menos de 2 dólares por dia.
Ele estudou num internato britânico de Lomé (Togo), e em seguida ficou matriculado até junho de 2008 no curso de engenharia do University College de Londres.
Um amigo disse que, depois disso, ele fez duas viagens ao Iêmen para cursos curtos de árabe e religião islâmica. A imprensa nigeriana diz que ele passou também por Egito e Dubai, onde rompeu os laços familiares, antes de ir embora de Londres definitivamente.
Vizinhos da família dizem que aparentemente ele se radicalizou enquanto estudava no exterior. Os EUA estão investigando uma possível ligação com a Al Qaeda.
As autoridades nigerianas dizem que ele comprou um bilhete Lagos-Amsterdã-Detroit em 16 de dezembro, numa agência da KLM em Acra (Gana), e se "infiltrou" na Nigéria no dia 24, véspera do ataque. No mesmo dia, teria embarcado no voo da KLM para Amsterdã, onde fez conexão para apanhar o avião da Northwest.
Não se sabe ao certo como Abdulmutallab conseguiu burlar a fiscalização e embarcar com explosivos. Os EUA, vitimados por um grave atentado cometido com aviões sequestrados em 11 de setembro de 2001, determinaram a adoção de novas medidas de segurança em aeroportos e aviões.
Depois da denúncia do pai de Abdulmutallab às autoridades, os EUA o incluíram em uma lista de suspeitos de ligação com o terrorismo. Uma fonte oficial norte-americana alegou, no entanto, que não havia informações suficientes para proibi-lo de embarcar.
Uma autoridade nigeriana disse que o suspeito tinha um visto norte-americano de múltiplas entradas, emitido em Londres. Em maio de 2009, ele havia sido barrado na Grã-Bretanha depois de tentar se matricular em um curso em uma faculdade falsa, disse o jornal britânico Sunday Times.