Os nigerianos votam neste sábado para governador dos estados, na primeira das duas eleições que podem levar o mais populoso país africano e principal produtor de petróleo do continente à sua primeira transição democrática plena.

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A votação no nível estadual é um teste para o Partido Democrático do Povo, governista, e dará à população uma idéia do que esperar das eleições presidenciais, na semana que vem.

A votação começou com horas de atraso em várias zonas eleitorais, o comparecimento às urnas é irregular, e alguns eleitores reclamaram de problemas logísticos e intimidações por parte de integrantes do partido de situação.

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- Estive em dez seções eleitorais, mas não consegui achar o meu nome. Me sinto muito frustrada e indignada. Vou para casa - disse Princewell Ebom, que mora no povoado distrito de Yaba, em Lagos, maior cidade do país.

Ao Norte do país, na cidade de Kano, onde um clérigo muçulmano foi assassinado numa mesquita na sexta-feira, militantes de partidos rivais se confrontaram nas ruas com espadas. O comparecimento às urnas no lugar foi alto, mas eleitores reclamaram da falta de sigilo na hora do voto e disseram que alguns votantes pareciam menores de idade.

No Sul, região produtora de petróleo, onde ativistas têm intensificado as ações, que já duram décadas, por mais autonomia, oito policiais morreram em dois ataques neste sábado. Na sexta, três políticos foram mortos a tiros.

Muitos moradores se dizem amedrontados para sair e votar. Em Port Harcourt, eleitores se disseram intimidados em colocar os seus polegares na cédula com representantes do partido do governo assistindo.

- Fui informado sobre o que aconteceu em Port Harcourt, mas tirando isso a situação é muito satisfatória - declarou o presidente Olusegun Obasanjo, antes de votar em Ogun, no Sul.

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A Nigéria voltou ao regime democrático em 1999, depois de três décadas de governo militar. O processo eleitoral que começa neste sábado deve possibilitar a primeira passagem de poder de um presidente eleito para outro desde a independência do país da Grã-Bretanha, em 1960.

A violência política, a cassação de candidaturas, problemas para registrar eleitores e o credenciamento incipiente de observadores têm levantado dúvidas sobre a credibilidade dessas eleições.

"Se a Nigéria fizer o trabalho correto, a África também fará. Se não, o resto do continente vai sofrer e perder esperanças", avaliou Robert Rotberg, do Conselho de Relações Exteriores dos EUA, num artigo recente.