O Afeganistão voltou a viver um dia de luto ontem por causa da morte de cinco pessoas, uma delas britânica, no quinto atentado em Cabul neste mês, ao mesmo tempo em que centenas de pessoas pediam na cidade o fim da violência e o Senado afegão ratificava o acordo de segurança com os Estados Unidos.
Por volta das 10h30 local (3 horas, em Brasília), um suicida explodiu bombas colocadas dentro de seu carro quando se aproximava da embaixada da Grã-Bretanha, no leste da capital afegã.
A embaixada em Cabul informou que um de seus veículos foi atacado e um "grande número" de funcionários ficaram feridos.
Em comunicado, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Philip Hammond, confirmou a morte de um civil britânico membro da equipe de segurança da embaixada e de um afegão que também trabalhava no local. No total, cinco pessoas morreram e 34 ficaram feridas.
O porta-voz talebã, Zabihula Mujahid, reivindicou no Twitter a autoria do atentado, dirigido contra "os invasores estrangeiros".
Escalada
O atentado de ontem é o último de uma longa lista de ataques que foram aumentando o nível de violência no país a menos de um mês para o término da missão da Otan, a Isaf, destacada no Afeganistão depois de as tropas americanas invadirem o país em 2001 para derrubar o regime talebã.
O Senado afegão aprovou ontem o acordo de segurança com os EUA que prolonga a presença de tropas desse país no Afeganistão até 2024, completando o trâmite parlamentar necessário para que o presidente, Ashraf Gani, assine definitivamente o convênio.
Os EUA manterão desdobrados no terreno cerca de 9,8 mil soldados até 2024, enquanto a Aliança Atlântica anunciou que manterá 2,7 mil militares a partir de 2015, em uma "nova missão não de combate para prosseguir com o desenvolvimento da capacidade das Forças de Segurança afegãs".
Apesar dessa continuidade, neste mês ocorreram vários ataques em Cabul, como o atentado ao qual sobreviveu a deputada e ativista afegã Shukria Barakzai ou no qual morreu um coronel após ataque suicida no quartel-general das forças da ordem na cidade.
De fato, o número de mortos civis aumentou 17%, até os 1.564, e o de feridos subiu 28%, até os 3.289, na primeira metade de 2014 com relação ao mesmo período do ano anterior no Afeganistão, de acordo com a ONU.
Essa escalada de violência levou ontem centenas de pessoas a se manifestar no parque Zarnigar da capital afegã, onde reivindicaram que o governo envie a outros países com melhores recursos de saúde os feridos em situação crítica após o atentado suicida do domingo durante a partida de vôlei.