O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse ontem, em visita ao Afeganistão, que são os EUA que fazem um "jogo duplo com o Taleban no país asiático, lutando contra terroristas que antes apoiavam.
A afirmação foi uma resposta ao secretário da Defesa americano, Robert Gates, que visitou o país nesta semana e acusou Teerã de manter boas relações com o governo afegão ao mesmo tempo em que dá apoio aos extremistas.
"Foram eles (EUA) que criaram os terroristas, e agora dizem: Queremos combatê-los. Eles não podem, disse Ahmadinejad, ao lado do presidente afegão, Hamid Karzai.
Nos dez anos de invasão soviética do Afeganistão (1979-1989), os EUA abasteceram os rebeldes com suprimentos, que incluíam desde mulas até armas. Depois que o dinheiro enviado por Washington cessou, com a retirada da URSS, o Afeganistão mergulhou no caos e virou abrigo da Al-Qaeda.
Como se estivesse diante de Gates, o líder iraniano perguntou: "Seu país fica do outro lado do mundo, o que vocês estão fazendo aqui?.
O secretário da Defesa americano deixou Cabul pouco depois da chegada de Ahmadinejad, criticando o momento escolhido para a visita. "Eu disse ao presidente Karzai que queremos que o Afeganistão tenha boas relações com todos os seus vizinhos. Mas também queremos que todos os vizinhos do Afeganistão joguem limpo ao negociar com o governo afegão, disse antes de partir.
Washington acredita que o Irã ofereça apoio para a insurgência afegã, formada principalmente por sunitas, que são inimigos do Irã xiita.
A influência iraniana no Afeganistão é crescente. Os dois países mantêm importantes laços econômicos. Além disso, milhões de afegãos se refugiaram no Irã durante três décadas de guerra.
Sanções
Ontem, pela segunda vez em apenas uma semana, o Brasil confrontou-se com uma potência favorável à aplicação de sanções ao Irã pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O ministro do Exterior e vice-primeiro-ministro da Alemanha, Guido Westerwelle, fez uma crítica velada a postura otimista do governo brasileiro, que acredita ainda haver espaço para negociação. Ele afirmou que a "distância tem um papel importante na diferença de opiniões dos dois países e disse que a União Europeia está cientes de que mísseis iranianos podem alcançar até mesmo Paris, na sua área mais ocidental.