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Lula e Raúl Castro, durante encontro em Brasília: pelo fim do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba | Joedson Alves/AFP
Lula e Raúl Castro, durante encontro em Brasília: pelo fim do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba| Foto: Joedson Alves/AFP

Lula promete empenho para levar Cuba à OEA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a plena integração de Cuba a todas as instâncias regionais e afirmou que o Brasil vai se empenhar pela revogação do ato que excluiu o país caribenho da Organização dos Estados Americanos (OEA).

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Brasília e Washington - Durante visita a Brasília, em sua primeira viagem oficial ao exterior desde que assumiu formalmente a Presidência, em fevereiro, o presidente de Cuba, Raúl C astro, propôs ontem a troca de presos políticos do país pelos "cinco heróis" agentes de seu governo detidos em prisões dos Estados Unidos.

"Esses prisioneiros (políticos) de que se fala, querem soltá-los? Que nos digam amanhã. Vamos mandá-los com família e tudo. Devolvam-nos nossos cinco heróis. Esse é um gesto de ambas as partes", disse ele, referindo-se aos agentes que, segundo Havana, foram presos quando espionavam grupos de dissidentes que planejavam atentados na ilha.

Em junho, uma corte norte-americana manteve a condenação aos cinco cubanos, mas abriu a possibilidade de redução de penas para três deles.

A sugestão para que dissidentes políticos presos na ilha sejam trocados pelos cinco cubanos condenados por espionagem nos EUA é a proposta mais específica já feita para a melhoria das relações bilaterais entre os dois países desde que Obama foi eleito, em novembro.

Em resposta a Raúl Castro, o governo dos Estados Unidos aconselhou Cuba a libertar "imediatamente" os dissidentes políticos presos na ilha, sem exigir nada em troca.

"Há muito tempo pedimos a Cuba que liberte os presos políticos, e agora recomendamos que isso seja feito imediatamente", disse Heidi Bronke, porta-voz do escritório para a América Latina do Departamento de Estado americano, segundo a agência de notícias espanhola Efe.

As declarações de Raúl alimentam a expectativa na América Latina de que o governo Obama, que toma posse em 20 de janeiro, promova uma aproximação com Havana. O futuro presidente já se comprometeu a eliminar restrições a viagens e remessas de divisas de cubano-americanos para a ilha, mas diz que só vai suspender o embargo econômico, em vigor há 46 anos, quando o regime comunista libertar todos os presos políticos e permitir eleições livres.

Na terça-feira, durante a cúpula da América Latina e Caribe, na Costa do Sauípe (BA), 33 países latino-americanos pediram que Obama suspenda as medidas contra o regime comunista. "Não é Cuba quem tem de pedir o fim do embargo", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "É fundamental que tenha fim esse embargo, que não tem sustentação política, ética e moral", afirmou Lula, em discurso, antes de almoço oferecido a Raúl Castro, no Palácio do Itamaraty.

Obama ainda não comentou as recentes declarações de Raúl e de seu irmão, o ex-presidente Fidel, sinalizando uma disposição de conversar com o futuro governo.

Raúl disse estar disposto a encontrar Obama onde for, desde que os EUA não coloquem "uma sombra sobre a nossa soberania".

O presidente cubano, que demonstrou irritação com uma pergunta sobre dissidentes em Cuba, terminou ontem sua primeira viagem ao exterior como chefe de Estado. Ele tem buscado uma aproximação com Rússia e China, com os quais tem em comum a rivalidade em relação a Washington, e agora busca tirar partido da intenção brasileira de ampliar o comércio com Cuba, especialmente no setor petrolífero. "Todos queremos que Cuba se torne auto-suficiente em energia", disse Lula em almoço com a delegação cubana.

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